Se Álvaro Uribe pode, Hugo Chávez também pode. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou o exemplo do presidente da Colômbia para defender o direito do venezuelano a pleitear o terceiro mandato. Segundo ele, a imprensa só pega no pé de Chávez por ser um político de esquerda.
Em encontro com Chávez na cidade de Machiques, hoje (16), no oeste venezuelano, Lula apoiou o projeto de submeter a referendo uma emenda constitucional que permita ao venezuelano candidatar-se mais uma vez à presidência – assim como os demais chefes de Executivo do país.
“Os meios de comunicação sempre questionam a intenção de reeleição quando a proposta vem dos partidos de esquerda”, disse Lula a jornalistas que o abordaram para perguntar sobre a emenda constitucional, que o Parlamento aprovou ontem e entregou hoje ao Conselho Nacional Eleitoral. A consulta popular deve ser realizada no dia 15 de fevereiro.
“O presidente Uribe também quer um terceiro mandato e ninguém pergunta por quê”, comparou o presidente brasileiro.
Os dois governantes se encontraram para a sexta reunião bilateral Brasil-Venezuela e firmaram acordos de cooperação científica e tecnológica em matéria de agricultura e indústria, além de um centro socialista de desenvolvimento agrário.
“Temos que aprender a respeitar as culturas de cada país, respeitar a vontade de cada povo e perceber que um processo democrático não é um cidadão que governa. Um processo democrático é garantir a todos o direito de poder participar nas mesmas condições”, disse Lula. Ele contou que foi criticado no Brasil por defender que o processo é democrático na Venezuela.
“Não importa a quantas eleições você se submeteu”, disse Lula a Chávez, “quantos referendos, quantas votações. Se esse é o exercício da democracia, no dia em que o povo não quiser mais, não vai mais votar em você, vai votar em outro. E é a mesma Constituição que vai permitir que sejam um, dois ou três mandatos”.
O presidente reforçou a idéia de que um país deve respeitar as idiossincrasias dos outros. “Nós [Venezuela e Brasil] precisamos ter consciência de que cada processo democrático de cada país é construído de acordo com o grau de consciência política e de evolução cultural de cada povo”.
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