Em meio ao que define como “guerra econômica”, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quinta-feira (19/09) que ordenou a intervenção imediata e a expropriação de empresas que retiverem produtos em estoques, limitando a chegada dos itens ao comércio.
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“Já chega de guerra econômica contra o povo”, justificou o chefe de Estado venezuelano, durante uma inspeção em uma fábrica processadora de café, nacionalizada em 2010, pelo governo de Hugo Chávez.
Prensa Presidencial Venezuela
O presidente venezuelano Nicolás Maduro, pede ao povo para lutar contra a estocagem de produtos para fins políticos
Segundo ele, uma operação de fiscalização identificou 150 mil rolos de papel higiênico retidos em um mercado municipal em Barquisimeto, na região Centro-Oeste do país. “Aquele comerciante, atacadista e varejista sabe que conta com o governo (…) mas aquele que acha que pode especular para roubar ao povo e, além disso, derrocar o governo constitucional, é simples: quando o encontrarmos, que não se queixe”, avisou, após propor que empresas que “conspiram contra a estabilidade do país” sejam “tomadas” e controladas pela comunidade.
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Maduro voltou a afirmar que a “direita” prepara um plano de “sabotagem econômica”. Segundo ele, a conspiração é promovida desde o final do ano passado, época do ressurgimento do câncer de Chávez. Segundo ele, há um plano em andamento para atrasar os processos produtivos, de distribuição e comercialização de produtos. “Temos provas absolutas e as estamos demonstrando, que isso faz parte de um golpe econômico que está em andamento, através de uma sabotagem por fases”, garantiu.
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Como medidas para combater a “sabotagem econômica” e a escassez de produtos nas prateleiras, o governo anunciou, na última semana, a inspeção de todas as empresas do país para constatar os níveis de produção, importação de 600 milhões de dólares em produtos colombianos, apoio a transportadoras e a criação de um Órgão Superior da Economia. Uma linha 0800-Sabotagem também foi disponibilizada, desde a última segunda-feira, para que os venezuelanos efetuem denúncias acerca da “guerra econômica”.
Reações
Para o presidente da Fedecámaras (Federação de Câmaras e Associações de Comércio e Produção da Venezuela), Jorge Roig, no entanto, a escassez de produtos não é provocada por sabotagens ou conspirações, mas sim pela falta de divisas para importações e a ausência de trabalhadores nas jornadas de trabalho.
Em entrevista ao site venezuelano Noticias 24, ele afirmou que os empresários também “gostariam” de contar com um “0800-Divisas” para que possam se “queixar”. Para Roig, o setor empresarial é a real “vítima” da “guerra econômica”, já que, segundo ele, 4,6 mil indústrias desapareceram nos últimos 12 anos.
Fazendo alusão às declarações, Maduro acusou a Fedecámaras de querer uma “batalha” contra o governo. Para o presidente venezuelano, Roig está aplicando os mesmos métodos de Pedro Carmona Estanga, que era representante da organização empresarial em 2002 e foi proclamado presidente no golpe contra Hugo Chávez.