As forças de segurança israelenses prenderam durante a noite de desta terça-feira (17/06) mais de 65 palestinos na Cisjordânia ocupada, a maioria integrante do Hamas. A medida faz parte da ofensiva realizada por Israel para encontrar três adolescentes que foram supostamente sequestrados. Embora outros grupos tenham revindicado a autoria da ação, o governo acusa, ainda sem provas, o Hamas de ter raptado os garotos e a Autoridade Palestina de ter responsabilidade pelo ato.
Agência Efe
Soldados israelenses durante busca em Tapuah, na Cisjordânia
De acordo com o porta-voz do Exército israelense, Peter Lenner, a operação de busca dos jovens desaparecidos desde quinta-feira (12/06) tem um segundo objetivo: “destruir a infraestrutura” do Hamas na Cisjordânia. Lenner informou que, além das batidas em domicílios, as tropas realizaram buscas em escritórios do aparelho civil do grupo e de seus órgãos de propaganda, como sua rádio, e apreenderam material eletrônico e documentos.
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Dos 65 palestinos detidos ontem, 51 são ex-presos libertados em uma troca há três anos. Desde que tive início a operação de busca dos adolescentes, mais de 240 pessoas foram detidas.
Segundo o jornal Yedioth Ahronoth, trata-se da maior operação israelense na Cisjordânia desde a segunda Intifada, quando Israel desmantelou as estruturas da ANP (Autoridade Nacional Palestina).
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Escalada da tensão
Lenner admitiu ainda que mais de 800 casas foram revistadas na região. Os palestinos acusam Israel de um “castigo coletivo”. Para o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, os autores do sequestro querem “destruir os palestinos”.
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“Vamos buscá-los para devolvê-los, porque aqueles que os capturaram desejam nos destruir. Pediremos contas aos sequestradores”, afirmou Abbas hoje, durante a inauguração da reunião da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) na cidade de Jidá.
Agência Efe
Família Shalbi avalia os danos provocados pela ação das tropas israelenses no campo refugiados de Askar
Na Faixa de Gaza, o Hamas e a Jihad Islâmica advertiram que responderão aos ataques de Israel contra seus militantes na Cisjordânia, o que pode gerar uma nova escalada militar na região.
De acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamín Netanyahu, seu governo não irá diminuir as represálias. “Estamos em meio a uma operação de grande escala que ainda incluirá muitas ações contra os terroristas que atacam, assassinam e sequestram cidadãos israelenses e querem destruir o Estado de Israel”. Netanyahu afirmou ainda que seu país “luta contra o terrorismo e o Hamás seguirá pagando um alto preço por sequestrar” os jovens.
Ceticismo
Para os palestinos, a campanha israelense #BringBackOurBoys (tragam nossos garotos de volta) corresponde a uma política “cínica” do governo de Tel Aviv.
“Para os palestinos, o drama não é seguido pela televisão, mas diante de seus olhos. E com mais de cinco mil palestinos atualmente detidos em prisões israelenses, muitos veem a campanha de Israel com profundo ceticismo”, escreveu a agência palestina Ma’am.
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O político palestino Ali Qaraqe questionou: “o que são três diante de milhares”?, referindo-se ao meio milhão de palestinos detidos desde 1967. “Esses prisioneiros por acaso não têm pobres famílias?”, sugeriu à agência.
Novas colônias
Carlos Latuff
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Em meio à escalada de tensão na região, Israel anunciou a construção de 172 novas casas para colonos judeus na Jerusalém ocupada.
Em 26 de maio, durante a visita do papa Francisco à Terra Santa, as autoridades palestinas haviam anunciado a construção de outras 50 casas no Leste de Jerusalém. Uma semana depois, o governo autorizou a construção de 3.200 casas nas colônias de Jerusalém e da Cisjordânia, em represália à formação de um governo de coalizão entre o Hamas e a ANP.