Os protestos contra os poderes especiais assumidos pelo presidente do Egito, Mohamed Mursi, prosseguiam neste domingo (25/11) no Cairo, na Praça Tahrir, enquanto os juízes decretavam greve contra este “ataque sem precedentes ao Poder Judiciário”.
Na quinta-feira, Mursi anunciou medidas que concentram poderes, o que provocou a ira da oposição, em um país que saiu há pouco da ditadura de 30 anos do governo de Hosni Mubarak. Cerca de trinta tendas foram instaladas pelos opositores na emblemática Praça Tahrir, epicentro da revolta de 2011, onde os manifestantes mantinham-se aglomerados mesmo após investida da polícia.
“O Egito ingressa em uma nova revolução, já que nossa intenção não era substituir um ditador por outro ditador”, declarou um manifestante, Mohamed Al Gamal, aludindo à revolta popular que derrubou Hosni Mubarak em fevereiro de 2011.
NULL
NULL
No final da tarde deste sábado, o Clube de Magistrados do Egito convocou “a suspensão do trabalho de todos os tribunais e promotorias” para protestar contra o decreto de Mursi que impede recursos judiciais diante de decisões da presidência.
A decisão do Clube de Magistrados ocorre após a Associação de Juízes de Alexandria anunciar “a suspensão das atividades em todos os tribunais e administrações judiciais das províncias de Alexandria e Beheira (…) até que se acabe a crise provocada pela declaração” inconstitucional de Mursi.
A mais alta autoridade judicial do Egito, o Conselho Superior da Magistratura, denunciou neste sábado as novas prerrogativas de Mursi, que taxou de “um ataque sem precedentes contra a independência do Poder Judiciário e suas decisões”.
Democracia
Na sexta-feira, mesmo em meio a fortes manifestações, o presidente egípcio, Mohamed Mursi, prometeu diante de milhares de partidários islamitas que o Egito está no caminho da democracia. “O que quero é a estabilidade política, a estabilidade social e econômica e é para isso que trabalho”, declarou Mursi em um longo discurso diante de seus partidários, reunidos próximos ao palácio presidencial.
Washington, por sua vez, lembrou que “uma das aspirações da revolução era garantir que o poder não estivesse concentrado nas mãos de uma só pessoa ou de apenas uma instituição”. A União Europeia também se manifestou e pediu a Mursi para respeite “o proceso democrático”. Já a França considerou que as medidas adotadas na quinta-feira não vão “por um bom caminho”.
“Ninguém pode deter nossa marcha para frente (…) Estou cumprindo minha função para servir a Deus e a nação e tomar as decisões após consultar todos”, insistiu o presidente, citado pela agência oficial MENA.