Os chanceleres do Mercosul apresentaram nesta segunda-feira (05/08), ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, uma queixa oficial contra a espionagem praticada pelos Estados Unidos em território sul-americano e revelada pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden, a quem a Rússia concedeu asilo temporário.
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Na reunião, estiveram presentes os chanceleres Antonio Patriota (Brasil), Héctor Timmerman (Argentina), Luis Almagro (Uruguai), Elías Jaua (Venezuela) e David Choquehuanca além de Ban Ki-moon. Os ministros reproduziram as declarações dos chefes de Estado do bloco, reunidos no último mês em Montevidéu.
Agência Efe
Os chanceleres do Mercosul em reunião com Ban Ki-moon: “indignação” com espionagem dos EUA
“Trasmitimos uma mensagem que os presidentes dos países membros [do Mercosul] nos passaram, de trazer para as autoridades nossa indignação sobre o sistema de espionagem mundial revelado pelo senhor Edward Snowden acerca das atividades da inteligência dos EUA, que afetam todos os cidadãos do mundo”, explicou Jaua, falando em nome do grupo.
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O ministro das Relações Exteriores venezuelano ainda acrescentou que a prática da espionagem “é absolutamente violadora do direito internacional, da soberania dos países e dos direitos humanos fundamentais dos cidadãos do mundo”.
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“Viemos em bloco expor nossa preocupação com as acusações de prática de espionagem que vieram com as revelações de Snowden, o que tem implicações graves para a região e o mundo. É um alerta que estamos dando. Ban Ki-moon disse que compartilha da nossa preocupação”, disse Patriota.
O ministro brasileiro disse ainda que o secretário-geral da ONU foi receptivo às queixas e concordou com as críticas à espionagem dos EUA feitas pelo bloco sul-americano. Ele também informou que amanhã (06) haverá um debate no Conselho de Segurança, presidido pela presidente argentina Cristina Kircher, sobre o tema.
Segundo ele, o Mercosul estuda propor sanções aos países culpados de espionagem, no âmbito da Assembleia Geral da ONU. Entretanto, essa iniciativa teria de passar pelo Conselho de Segurança, no qual os EUA têm poder de veto.
Além da reclamação sobre espionagem, os chanceleres do Mercosul também trataram do bloqueio ao avião do presidente boliviano Evo Morales, impedido por quatro países europeus (Itália, França, Portugal e Espanha) de sobrevoar seus espaços aéreos, pela suspeita de que Snowden estivesse a bordo.
“Expressamos nossa preocupação com o conjunto de fatos que surgiram a partir da revelação de Snowden”, declarou Jaua, citando o incidente com o avião de Morales. “Esta atitude viola a Convenção de Viena e o resto dos acordos internacionais”, acrescentou. “Puseram em risco a dignidade e a segurança física do presidente Morales ao fazê-lo voar com pouco combustível”.
O Mercosul também manifestou a Ban Ki-moon a preocupação sobre “a tentativa de pressionar e intimidar os países que ofereceram asilo ao senhor Snowden”. “Acreditamos que é um direito de todos os cidadãos que se consideram perseguidos políticos solicitar asilo e dos países de o concederem se concordarem”, afirmou Jaua.
Outras solicitações dos chanceleres foram a cessão do bloqueio imposto pelos norte-americanos a Cuba desde há 51 anos e a concessão da soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas, ocupadas pelos britânicos desde o século XIX.
O Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul) é presidido pela Venezuela e tem como membros Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai (suspenso temporariamente). Bolívia, Chile, Colômbia, Peru, Equador, Guiana e Suriname participam como Estados associados.