A chanceler alemã, Angela Merkel, deixou claro que preferia ver o Reino Unido sair da UE (União Europeia) do que interferir no princípio da livre circulação de imigrantes, informou o Der Spiegel nesta segunda-feira (03/11).
O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, anunciou que a Alemanha quer que a Grã-Bretanha continue a ser um membro “ativo e comprometido” com a União Europeia, mas insiste que a alteração e restrição do princípio da livre circulação de trabalhadores dentro do bloco não é negociável. Seibert ainda acrescentou que Berlim tem interesse em lutar contra um “possível abuso” da prática, mas o princípio geral não deve ser questionado.
Efe
Merkel (dir) se opõe às recentes colocações do premiê britânico Cameron (dir) à respeito da imigração
“Ela [Merkel] sinalizou que a luta contra o possível abuso da liberdade de circulação também é de interesse legítimo para nós na Alemanha”, explicou Seibert. “Mas o princípio maior da liberdade de circulação não deve ser interferido. Nós vemos isso como uma importante conquista europeia. Essa é a posição do governo e isso não mudou”, acrescentou.
“Cabe à Grã-Bretanha decidir que papel quer desempenhar no futuro da União Europeia. Esta não é uma questão bilateral entre a Alemanha e a Grã-Bretanha, mas entre a Inglaterra e todos os seus parceiros europeus”, completou. De acordo com a imprensa alemã, trata-se da primeira vez que Merkel colocou a saída do Reino Unido do bloco como uma possibilidade.
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Posicionamento duro do Reino Unido
Cameron tem defendido a ideia de ampliar as leis da UE com o intuito de afastar e deportar os migrantes desempregados que geram despesas ao Estado, tentando mudar a forma como a livre circulação opera. O premiê deve definir os planos para a redução da imigração no bloco antes do Natal, estima The Guardian.
Para o ministro do Reino Unido das Finanças, George Osborne, Berlim tinha entendido a inquietação pública britânica a respeito dos migrantes desempregados da EU que usufruem benefícios sociais.
“O que vamos abordar é a questão de como a liberdade de movimento opera no século 21. Nunca foi previsto que haveria um número tão grande de pessoas que se deslocariam sem ofertas de emprego para o nosso sistema de benefícios. Isso gera uma infelicidade à população, pois é injusto: todos esses benefícios de bem-estar social são pagos pelos britânicos trabalhadores”, afirmou Osborne à imprensa britânica.
No início de outubro, o ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso afirmou que a livre circulação é um princípio essencial da UE e qualquer plano da Grã-Bretanha para limitar o número de migrantes por meio da restrição do número de seguros nacionais seria ilegal sob a legislação do bloco.