Quarta-feira, 9 de julho de 2025
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O México é um “cemitério clandestino” de imigrantes latino-americanos ilegais, denunciaram integrantes de uma caravana formada por 12 mães de hondurenhos que desapareceram no país enquanto iam aos Estados Unidos.

Para a ativista Elvira Arellano, do Movimento Família Latina Unida sem Fronteiras, o Estado “não teve o valor para reconhecer a violação dos direitos humanos de nossos irmãos”. Ela falou a partir de Ixtepec, no estado de Oaxaca, perto da fronteira com a Guatemala, onde a caravana se encontra.

De acordo com a imprensa local, a peregrinação é feita anualmente desde 2005 com o apoio de diversas ONGs. O grupo leva centenas de fotografias dos desaparecidos, e as mostram às autoridades e habitantes das localidades, hoteis, restaurantes, bares e praças por onde passam.

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As buscas foram intensificadas depois da chacina de 72 imigrantes em Tamaulipas, em agosto. O crime chocou a região e o mundo, e envolveu vítimas provenientes de Equador, Guatemala, El Salvador, Honduras e pelo menos cinco brasileiros, segundo informações oficiais. As pessoas foram mortas ao se recusar a trabalhar para o grupo Los Zetas, conforme relatos de um sobrevivente.

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As 12 mães iniciaram suas investigações no domingo (31/10) em Tapachula, no estado sulista de Chiapas, e ontem (03/11) começaram a percorrer a rota que vai de Ixtepec e Córdoba, esta no estado de Veracruz, em direção à Cidade do México.

Citando o IV Fórum Global sobre Migração e Desenvolvimento, Arellano considerou “vergonhoso” o fato de que o México sedie o evento – em Puerto Vallarta, estado de Jalisco, entre 8 e 9 de novembro – porque “todos os dias são violados” os direitos humanos dos imigrantes no país.

As mulheres da caravana reclamaram ao governo local “uma política que garanta o respeito aos direitos humanos dos desterrados, e que sejam castigados os responsáveis por roubos, violações, assaltos, sequestros e homicídios”.

Solalinde Guerra, outra das integrantes do grupo, pediu ao presidente Felipe Calderón “frear a impunidade” das autoridades, “principalmente das corporações policiais”, às quais responsabilizou pela “maioria das agressões” contra os migrantes.

Reunião com Calderón

As mães pretendem chegar à capital mexicana hoje, onde esperam ser recebidas por deputados federais das comissões relacionadas aos temas de imigração e direitos humanos, a quem desejam entregar as listas com os nomes dos desaparecidos. As mulheres também pleitearão uma reunião com Calderón.

Entre os motivos que levam os imigrantes a não manter contato com suas famílias estão a falta de dinheiro – pois com frequência eles viajam apenas com o que tem para comer – ou a vergonha de não conseguir chegar aos Estados Unidos ou de não achar trabalho. Na maior parte dos casos, no entanto, eles são vítimas de delinquência.

De acordo com estatísticas oficiais, a cada ano transitam pelo México cerca de 500 mil imigrantes latino-americanos, principalmente originários da América Central, mas também da América do Sul. Por serem uma população vulnerável, eles são vítimas fáceis para o narcotráfico, na intensa onda de violência que toma o país há cerca de quatro anos.

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México é cemitério clandestino de imigrantes, denunciam mães de desaparecidos

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