A jornada massiva de protestos contra o governo do presidente Jair Bolsonaro que ocorreu neste sábado (29/05) em mais de 200 cidades do Brasil e de outros países ganhou destaque na imprensa mundial.
O jornal britânico The Guardian destacou as “dezenas de milhares” de pessoas presentes nos atos, afirmando que os brasileiros foram às ruas contra “a resposta catastrófica” de Bolsonaro à pandemia da covid-19.
“Os manifestantes saíram às ruas em mais de 200 cidades para o que foi o maior ato contra Bolsonaro desde que a pandemia do novo coronavírus começou no Brasil”, disse o periódico.
O jornal também lembrou que os protestos ocorrem enquanto “Bolsonaro tem sua taxa mais baixa de aprovação desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2019”.
O presidente, prossegue o Guardian, “parece particularmente abalado pelo ressurgimento do rival Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente de esquerda que parece preparado para enfrentá-lo pela Presidência no ano que vem”.
Já o jornal francês Le Monde destacou uma das palavras de ordem mais utilizadas por manifestantes neste sábado: “Bolsonaro é mais perigoso do que o vírus”, estampou o periódico no título do artigo.
A publicação deu um destaque principal às marchas ocorridas no Rio de Janeiro, salientando a presença de diversos movimentos populares como sindicatos de esquerda, ambientalistas, coletivos feministas e bandeiras pretas, em homenagem às quase 460 mil vítimas da covid-19.
A emissora catari Al Jazeera disse que o protesto deste sábado serve para denunciar Bolsonaro pela crise da covid-19 instalada no Brasil. A rede televisiva ainda classificou o mandatário como “o presidente de extrema-direita que agora enfrenta um inquérito no senado”.
Allan White/FotosPublicas
Manifestações pelo impeachment do presidente ocorreram neste sábado (25/05) em mais de 200 cidades do Brasil e do mundo
“Bolsonaro tem sido amplamente criticado por minimizar os riscos do coronavírus e evitar medidas de saúde pública, como lockdowns e toques de recolher”, lembrou a emissora.
A jornalista Monica Yanakiew, correspondente da Al Jazeera no Rio de Janeiro, destacou a presença dos partidos e movimentos de esquerda nos atos, afirmando que “chegou a um ponto em que eles [brasileiros] dizem que realmente é preciso sair e mostrar que há uma oposição ao governo de Bolsonaro”.
O jornal argentino Clarín também afirmou que os protestos ocorrem contra as atitudes do governo de Bolsonaro, “em especial por sua caótica gestão da pandemia”.
“Desde o início da pandemia, que [Bolsonaro] passou a considerar como uma ‘gripezinha’ , o presidente criticou as medidas de quarentena, promoveu medicamentos sem resultados comprovados, gerou multidões e questionou a eficácia das vacinas”, disse o periódico.
O veículo argentino declarou ainda que dentro das reivindicações populares dos protestos de hoje estava a ideia de que muitas mortes poderiam ter sido evitadas “se o governo tivesse começado mais cedo a campanha de vacinação, que também avança lentamente e com interrupções por falta de abastecimento”.
A emissora multiestatal de televisão venezuelana TeleSur afirmou que os manifestantes, nas “massivas mobilizações contra políticas de Bolsonaro” deste sábado, exigiram que o presidente ultradireitista acelerasse o processo de vacinação e “aumentasse a quantidade de ajuda para os mais pobres”.
A agência britânica Reuters destacou que “brasileiros realizam protestos em todo o país contra a resposta do presidente Bolsonaro à covid-19”. “A popularidade de Bolsonaro despencou durante a crise do coronavírus”, disse a agência.
A pandemia matou mais de 450.000 brasileiros enquanto o “líder de extrema direita” minimiza a gravidade da situação, descarta o uso de máscara e lança dúvidas sobre a importância das vacinas, concluiu a Reuters.