Moçambique terá uma terceira operadora de serviços de telefonia móvel a partir do ano que vem. Segundo o ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, o nome da nova empresa a entrar no mercado será conhecida no final de outubro.
Três propostas estão sendo avaliadas pelos técnicos da pasta. Decidido o vencedor, ele passará pelo Conselho Consultivo do ministério antes de ser apreciado pelo Conselho de Ministros, e só então será oficialmente anunciado.
Concorrem os consórcios TMM (formado pela Portugal Telecom e Visabeira), Movitel (da moçambicana SPI e a vietnamita Movitel) e Unitelecominicações (da angolana Unitel e da moçambicana Insitec).
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O número de usuários da telefonia celular no Continente Africano está a caminho dos 300 milhões, bem acima da quantidade de pessoas com computador ou até mesmo com acesso à energia elétrica. Nos últimos anos, a África consolidou-se como o maior mercado em expansão para a telefonia móvel no mundo. O Gabão, por exemplo, já tem quatro operadoras e lança, na semana que vem, a concorrência para operação em tecnologia 3G.
O preço é muito mais baixo que o dos computadores. “Muita gente desfavorecida do ponto de vista socioeconômico hoje tem acesso ao telefone a custos muito mais baixos” diz o sociólogo Book Sambo, da Universidade Eduardo Mondlane, de Moçambique. “Há cinco, seis anos, não era assim, porque só se tinha serviço por contrato (pós-pago). É uma revolução, uma transformação social”.
Hoje em dia, a larga maioria dos usuários opta pelo sistema pré-pago. A tarifa também é acessível, mesmo aos mais pobres das zonas urbanas. Na capital moçambicana, Maputo, os vendedores de crédito já viraram parte da paisagem, com suas batas amarelas ou azuis – das duas operadores hoje existentes – Mcel e Vodacom. Também eles beneficiam-se da expansão do serviço, ganhando a vida em uma atividade que não existia há pouco tempo.
O uso “africano” do telefone móvel não se restringe a mandar recados ou a matar saudades. Em Gana, agricultores vendem seus produtos por meio de leilões realizados por torpedos. No Congo e em Uganda, refugiados da guerra civil cadastram-se por SMS para serem mais facilmente localizados pelas famílias. Médicos enviam mensagens para lembrar a seus pacientes com HIV que é preciso tomar a medicação.
Outra utilização corrente é a transferência de dinheiro pelo celular. Começou informalmente, quando as pessoas passaram a enviar créditos umas para as outras, que eram revendidos pelos destinatários. Hoje em dia, operadoras como a Safaricom, do Quênia, oficializaram o método. Graças a isso, em apenas três anos atraiu 7 milhões de clientes e já movimenta algo em torno de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
No começo do mês, a mobilização social foi feita por telefone móvel. Durante os protestos dos dias 10 e 2 de setembro contra o aumento no custo de vida, a população foi convocada, avisada e tranquilizada por torpedos. Foram dois dias de bloqueios nas vias, barricadas, saques e choques com a polícia, que acabaram na morte de 13 pessoas.
Uma semana depois das manifestações, o governo anunciou o congelamento de preços, no feriado de 7 de Setembro, dia dos Acordos de Lusaka, que puseram fim à guerra colonial e culminaram na independência de Portugal, em 1975. Na noite do dia 6, as trocas de mensagens ficaram parcialmente interrompidas.
Segundo a imprensa moçambicana, tratou-se de uma ordem da agência reguladora, o INCM (Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique), para evitar novas manifestações. O governo negou qualquer interferência, atribuindo o fato a problemas técnicos.
Na semana passada, o INCM solicitou ao Conselho de Ministros a criação de um cadastro nacional dos usuários de aparelhos móveis. Em entrevista ao jornal O País, o ministro da Comunicações e Transportes, Paulo Zucula, disse que a medida, comum em outros países, vai possibilitar o uso do celular para transações bancárias e localizar criminosos que usam o telefone para fazer ameaças.
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