A moção de censura apresentada na terça-feira (13/06) pela coalizão de esquerda Unidos Podemos contra o premiê da Espanha, Mariano Rajoy, foi barrada pelo Parlamento nesta quarta-feira (14/06) por 170 votos contrários. Apenas 82 parlamentares votaram a favor da moção; 97 se abstiveram.
O partido de Rajoy, o conservador Partido Popular (PP), e os liberais do Ciudadanos constituíram a maioria dos votos contrários, enquanto os parlamentares do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) se abstiveram. Os votos do PSOE eram esperados pelo Podemos para que a moção fosse aprovada.
O líder do Podemos, Pablo Iglesias, pediu o apoio do PSOE e afirmou que não precisariam formar um governo com o Ciudadanos: “Não nos digam que é possível fazê-lo com a muleta laranja”, afirmou Iglesias se referindo à cor predominante do partido de centro-direita.
A Constituição espanhola prevê que, para uma moção de censura ser aprovada, ela deve ser aprovada pela maioria absoluta do Parlamento, com mínimo de 176 dos 350 assentos sendo favoráveis.
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Agência Efe
Iglesias, líder do Podemos, contava com o apoio do PSOE
Debate
O Podemos apresentou a moção sob a justificativa de que o governo de Rajoy está envolvido em casos de corrupção. Segundo a porta-voz do partido, Irene Montero, “o melhor que podiam fazer pela Espanha hoje é, além de ir embora, devolver o que foi roubado dos cofres públicos”.
Segundo Montero, o governo e o PP mentiram “sistematicamente” para “depois manter a mais profunda e descarnada lei do silêncio”, disse ao comparar esse partido com a máfia. A porta-voz do Unidos Podemos disse que, “com esta moção”, seu grupo “usa o exemplo” de jornalistas, juízes, promotores e policiais que sofrem “pressões” para revelar os casos de corrupção.
Rajoy, por sua vez, respondeu às acusações na mesma sessão do Parlamento em que a moção foi apresentada. Segundo ele, quanto mais os espanhóis conhecem o Podemos, “menos votam nele”.
O primeiro-ministro citou o escritor espanhol Francisco de Quevedo para descrever o “quadro tenebroso” que o Podemos fez de seu governo. “O excesso é o veneno da razão”, afirmou, prosseguindo: “As sentenças, as acato; os jornais, os leio; as fofocas, as desprezo”.