Quarta-feira, 16 de julho de 2025
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Pelo menos três pessoas foram mortas e mais de 80 ficaram feridas em ataques liderados por monges budistas cingaleses em duas cidades de predomínio muçulmano no Sri Lanka, durante a madrugada desta segunda-feira (16/06). Os cingaleses são o principal grupo étnico na ilha asiática e são predominantemente budistas – religião que representa cerca de 70% da população, ao passo que os muçulmanos formam apenas 8% do país. 

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Uma das mesquitas muçulmanas mais antigas no centro de Colombo, capital do país insular a sudeste da Índia: islamismo é minoria

Hilmy Ahmed, porta-voz do Conselho Muçulmano do Sri Lanka, disse à Al Jazeera que a situação já estava “mais calma” na tarde desta segunda. Segundo Ahmed, pelo menos três mesquitas, nove lojas e 40 casas foram atacadas. Para conter a situação, 1.000 soldados do Exército do Sri Lanka foram chamados.

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As ofensivas a propriedades muçulmanas e a mesquitas acontecerem nas cidades turísticas de Beruwala e Aluthgama, a 60 quilômetros da capital, Colombo. Os locais são conhecidos por serem frequentados por turistas estrangeiros que vêm conhecer as praias do país insular, localizado no sudoeste da Índia.

Nos últimos anos, grupos extremistas cingaleses organizam campanhas de ódio contra comunidades religiosas minoritárias

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A campanha de ódio, arquitetada por monges budistas extremistas contra a comunidade minoritária de muçulmanos ao longo dos anos, foi criticada pelo presidente Mahinda Rajapaksa. Em viagem a Bolívia, o líder tuitou: “como somos do Sri Lanka, não podemos esquecer que somos iguais e que não devíamos deixar que outras forças criem as diferenças entre nós”. 

Etnia e religião são temas caros no Sri Lanka. A ilha passou por uma guerra civil que durou 26 anos e custou a vida de pelo menos 100 mil pessoas. O conflito terminou há cerca de cinco anos, quando as tropas do governo cingalês esmagaram a oposição separatista, conhecida como Tigres Tâmeis. O grupo era composto pela minoria de etnia tâmil, que alegava sofrer discriminação da maioria cingalesa e exigia a formação de um Estado independente na ilha, denominado Tamil Eelam.

No fim de março, o Conselho de Direitos Humanos da ONU autorizou uma investigação criminal composta por 47 países para analisar as atrocidades cometidas durante a guerra civil no Sri Lanka (1983-2009). Para a organização, ambos os lados são responsáveis pelas atrocidades cometidas durante a guerra, mas culpam principalmente as tropas do governo pela realização de ataques contra áreas predominantemente civis no período mais grave do conflito – entre setembro de 2008 e maio de 2009.  De acordo com o relatório das Nações Unidas, nesta fase final da guerra, estima-se que 40 mil pessoas tenham sido mortas – estatística contestada pelas autoridades cingalesas.