O ex-ministro das Relações Exteriores do Khmer Vermelho, Ieng Sary, um dos líderes julgados no Camboja por genocídio e crimes contra a humanidade, morreu nesta quinta-feira (14/03) em um hospital, informou a imprensa estatal.
Ieng Sary, de 87 anos, era acusado junto com outros dirigentes de causar a morte de 1,7 milhão de pessoas nas expurgações e deportações promovidas durante o governo de traço maoísta do Khmer Vermelho, entre 1975 e 1979.
“Podemos confirmar que Ieng Sary morreu nesta manhã, após ser hospitalizado no dia 4 de março”, indicou Lars Olsen, porta-voz do tribunal internacional da ONU, onde ele estava sendo julgado.
Outros acusados são o ex-chefe de Estado do Khmer Vermelho, Khieu Samphan, e o antigo “número dois” e ideólogo do Khmer Vermelho, Nuon Chea, ambos também internados por problemas de saúde.
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A esposa de Ieng Sary e ex-ministra de Assuntos Sociais, Ieng Thirith, que não sentará no banco dos réus devido ao Alzheimer de que padece, completam a lista de acusados.
Ieng Sary, conhecido por seu nome revolucionário de “Camarada Van”, era cunhado de Pol Pot, “o irmão número um”, e dirigiu a diplomacia do regime quando um quarto da população do seu país sucumbia a expurgações, políticas rurais que despovoaram as cidades, doenças e fome.
Sary nasceu em 1925 na aldeia de Loeung Va, na província vietnamita de Tra Vinh, segundo dados do tribunal internacional que o julgava por crimes contra a humanidade, genocídio, homicídio, tortura e perseguição religiosa.
Ieng Sary desertou duas décadas depois da queda do Khmer Vermelho, nos anos 90, e viveu entre Tailândia e Pailin, território cambojano governado por sua família, até que o tribunal internacional da ONU o deteve em 2007.
O chefe torturador do Khmer Vermelho, Kaing Guek Eav, conhecido como Duch, foi o primeiro acusado a ser julgado sozinho e condenado em 2012 à prisão perpétua por sua responsabilidade na morte de cerca de 16 mil pessoas no centro de detenção e torturas de Tuol Sleng, em Phnom Penh.
O Khmer Vermelho governou o Camboja a partir de 1975 com o objetivo de instaurar um regime socialista rural de orientação maoísta, mas foi derrotado pelo Exército vietnamita em 1979.
O chefe supremo do Khmer Vermelho, Pol Pot, morreu em 1998 na selva do norte do Camboja, onde dirigia a guerrilha maoísta.