A captura e morte do líder líbio Muamar Kadafi pelas forças armadas do CNT (Conselho Nacional de Transição) nesta quinta-feira (20/10) fechou, de certa forma, um ciclo para o país. Mais do que isso, representou também um alívio para as potências ocidentais que nos últimos meses contribuíram com sua caça. Esta é a opinião de especialistas ouvidos por Opera Mundi a respeito da morte do líder líbio.
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“Se Kadafi tivesse sobrevivido e tivesse sido levado a julgamento, ele teria destacado a proximidade que tinha com os governos ocidentais sobre questões de energia e contra-terrorismo nos últimos anos de seu governo”, afirma Richard Gowan, diretor do Centro de Cooperação Internacional da Universidade de Nova York.
Até a contaminação da Líbia pela chamada Primavera Árabe, no início deste ano, Kadafi mantinha boas relações com diversos países ocidentais, como a Itália de Silvio Berlusconi e a França de Nicolas Sarkozy. A França, inclusive, vendeu armas para o regime líbio antes de se tornar, ao lado do Reino Unido, a principal força de apoio aos rebeldes depois da aprovação da zona de exclusão aérea pelo Conselho de Segurança da ONU.
Wikicommons
Kadafi em reunião com o premiê espanhol José Luiz Rodriguez Zapatero em novembro de 2010
Além de evitar a exposição dessas relações ambíguas, segundo Gowan, a morte de Kadafi serviu também para reduzir os temores de que seus partidários poderiam montar uma campanha de guerrilha a longo prazo contra o novo governo.
“No entanto, se algum de seus filhos ou companheiros mais próximos sobreviver e não for capturado, o risco de uma insurgência permanecerá”, completa o norte-americano, em entrevista por telefone.
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Mutassim Kadafi, conselheiro militar do regime líbio, em encontro com Hillary Clinton em abril de 2009. Filho do coronel também morreu nesta quinta
Fim do primeiro capítulo
O pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade de Campinas, Mohamed Ezz El-Din Mostafa Habib, concorda com a opinião manifestada por Gowan. Segundo o egípcio, que também é vice-presidente do Icárabe (Instituto da Cultura Árabe), a morte de Kadafi representa o término de um capítulo inicial para as mudanças do país.
“Todas as instituições do Kadafi foram destruídas. As forças armadas, organizações políticas e sociais, a mídia estatal, os ministérios, enfim, tudo foi extintos por esta guerra civil que assolou a Líbia”, afirma.
Ainda segundo o pró-reitor, o país terá que desenvolver, a partir de agora, um pensamento político livre e racional, proibido anteriormente pelo regime do ex-líder líbio. “A Líbia é virgem em termos políticos”, complementa.
“O país seria para a comunidade europeia, o que o Iraque foi para o EUA. Ou seja, a partir de agora, deverá haver concessões para empresas provenientes desses países para obras e construções em território líbio”, completa o egípcio.
Final da missão
O secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, afirmou após a morte de Kadafi que o final da missão no país está “muito mais próximo”. Classificando o governo do ex-líder líbio como “regime do medo”, ele pediu ainda que os membros do CNT evitem represálias contra as forças derrotadas.
Segundo Rasmussen, o governo provisório deve prevenir “qualquer represália contra os civis”. Além disso, é necessário mostrar “contenção ao tratar com as forças derrotadas”, completa.
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