Considerada modelo democrático do mundo islâmico, a Turquia é acusada de prender ilegalmente jornalistas, estudantes universitários, escritores, acadêmicos e ativistas que expressam opiniões contrárias às do governo. Entre os presos, estão Ahmet Sik e o jornalista investigativo Nedim Sener, cujas prisões trouxeram grande comoção nacional no ano passado.
Dezenas de pessoas estão concentradas desde 6 de junho em frente ao Palácio de Justiça em Istambul, reivindicando a libertação de mais de 100 jornalistas presos. A campanha “Dias de testemunho” foi lançada após declarações de funcionários do governo turco acusando os jornalistas de serem “assassinos, ladrões ou terroristas”.
“Nossos colegas foram presos e estão sendo julgados sob a acusação de cometer atividades terroristas. Alguns representantes do governo, como o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, os acusaram inclusive de estupradores”, disse à Agência Efe o ativista Ercan Ipekci, presidente da União Turca de Jornalistas (IGS) e porta-voz da Plataforma pela Liberdade de Jornalistas (GÖP).
NULL
NULL
O Estado acusa os jornalistas de serem cúmplices de uma organização terrorista, conhecida popularmente como Ergenekon que, segundo eles, deseja derrubar o governo turco. “O governo, por meio do procurador-geral de Istambul, desencadeou uma investigação de uma suposta rede de personalidades dos mais variados setores da sociedade turca – a rede ‘Ergenekon’ – que tinha por objetivo o derrube do atual governo”, explicou André Barrinha, pesquisador do Centro de Estudos Sociais (CES), em artigo na Revista Autor.
Para ele, as acusações são em retaliação à tentativa de suspender as atividades políticas do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) em 2007 e consequentemente, dos atuais presidente e primeiro-ministro da Turquia, Abdullah Gül e Recep Tayyip Erdoğan.