Um dos temas mais debatidos nestas eleições legislativas nos Estados Unidos é o movimento popular de extrema direita “Tea Party”, responsável por colocar em evidência no mapa político norte-americano figuras desconhecidas e injetar uma grande dose de energia às bases conservadoras. Segundo previsões, o apoio do movimento pode determinar uma expressiva vantagem do Partido Republicano na Câmara de Representantes e a conquista de terreno no Senado, onde o cenário de uma vitória é considerado improvável por especialistas.
Reprodução
Manifestantes do Tea Party protestam contras as medidas de austeridade do governo
O Tea Party baseia seu nome em um motim que aconteceu em 1773 na cidade de Boston, no qual colonos pró-independência dos EUA atiraram cargas de chá ao mar para protestar pelos impostos do império britânico. Kate Zernike, repórter do The New York Times e autora do livro Boiling Mad: Inside Tea Party América (Fervendo de Fúria: Dentro da América do Tea Party) conhece bem o movimento. Ela relata como o Tea Party nasceu em 2009 por iniciativa de núcleos de eleitores preocupados com a economia e defensores de um ferrenho controle dos gastos públicos, pouca presença do Estado e da redução de impostos.
Segundo Zernike, as movimentações de direita já existiam, mas bastou uma crise como a iniciada no segundo semestre de 2008 para dar partida ao Tea Party. A economia em crise com a taxa de desemprego em 10% se transformou no campo de cultivo perfeito para o movimento, que soube transformar o descontentamento em poderosa arma eleitoral.
Retratado inicialmente como um grupo marginal, o Tea Party atraiu um variado leque de radicais mas, sobretudo, muitos integrantes da classe média, insatisfeitos com os exagerados gastos públicos e a burocracia. De acordo com Zernike, os simpatizantes do movimento são em sua maioria homens brancos de mais de 45 anos, embora o grupo também conte com uma grande presença feminina.
Situado à direita do Partido Republicano, o Tea Party mostrou sua força nas eleições primárias para as próximas, de 2 de novembro, derrotando inclusive candidatos tradicionais. Entre os casos mais notáveis está o de Christine O'Donnell, que se impôs, com a bênção do Tea Party, nas primárias republicanas para uma cadeira no Senado pelo estado de Delaware. O'Donnell causou polêmica ao questionar que a Constituição dos EUA obrigue à separação de Igreja e Estado e ao acusar os homossexuais de criarem o vírus HIV.
Leia mais:
Pesquisa aponta Clinton como político mais popular nos EUA
Casal Obama participará de comícios de eleições parlamentaresSenado dos EUA barra projeto de lei que permitiria a presença de gays no exército
Movimento conservador Tea Party aumenta doações para republicanos nos EUA
Previsões
Saídas de tom como essas poderiam, dizem os observadores, prejudicar os republicanos e ajudar os democratas. Mesmo assim, o New York Times calcula que o movimento ultraconservador conta com a simpatia de pelo menos 19% dos norte-americanos e que vários dos 139 candidatos próximos ao Tea Party que concorrem nas eleições legislativas têm possibilidade de ganhar.
Segundo Zernike, desse total, entre 25 e 33, “ou inclusive mais”, poderiam assumir cadeiras na Câmara de Representantes, que tem um total de 435 assentos. Os republicanos precisam de 39 cadeiras para ficar com a maioria.
No Senado, sua previsão é de que alcançarão entre quatro ou cinco das 37 cadeiras em disputa. O'Donnell não estaria entre os ganhadores. Os democratas têm agora 57 das 100 cadeiras e o apoio de dois independentes. Todos os candidatos do Tea Party concorrem pelo Partido Republicano.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL