O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica renunciou nesta
terça-feira (14/08) ao cargo de senador por “motivos pessoais”, citando um “cansaço
da longa viagem”.
“Apesar disso [da renúncia], enquanto minha mente funcione,
não posso renunciar à solidariedade e à luta de ideias”, disse Mujica em carta
à presidente do Senado (e vice-presidente do país) Lucía Topolansky, que também
é esposa do uruguaio.
O ex-presidente disse que irá se “acolher à aposentadoria”. Mujica
também desculpas “muito sentidas” por se, “alguma vez, ao calor dos debates”,
feriu “o pessoal de algum colega”.
O Senado uruguaio aceitou nesta manhã a renúncia de Mujica.
O agora ex-senador, de 83 anos, foi membro, nos anos 1960,
do Movimento de Liberação Nacional-Tupamaros. Por conta disso, foi preso pela
ditadura e passou 15 anos no cárcere.
Mujica foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015. Antes disso,
ocupou os cargos de deputado, senador e ministro. Nas eleições de 2014, foi
eleito novamente senador, assumindo o posto em 2015 como membro do Movimento de
Participação Popular (MPP), o maior partido da Frente Ampla, de esquerda.
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Leia íntegra da carta de renúncia de Mujica:
“Senhora Presidente do Senado
Lucía Topolansky
Da minha consideração:
Solicito à senhora que peça ao corpo que preside aceitar minha renúncia ao cargo de senador.
Os motivos são pessoais, diria ‘cansaço da longa viagem’. O caráter de renúncia voluntária e a legislação vigente assinalam que não corresponde o benefício do subsídio estabelecido, porque me acolherei à aposentadoria.
Não obstante, enquanto minha mente funcione, não posso renunciar à solidariedade e à luta de ideias.
Se alguma vez, ao calor dos debates, pude ferir o pessoal de algum colega, peço desculpas muito sentidas.
Sem outro particular, saúdo a você, ao corpo e a todos os funcionários, com consideração e estima.
José Mujica”