O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, criticou líderes mundiais que “alimentam a máquina de guerra” na Síria, em discurso na abertura da 71ª Assembleia Geral da entidade, que teve início nesta terça-feira (20/09) em Nova York (EUA).
De acordo com ele, “patronos poderosos” nos dois lados do conflito sírio, que já dura mais de cinco anos, “têm sangue em suas mãos”.
Agência Efe
Ban Ki-moon fez nesta terça seu último discurso em uma Assembleia Geral das Nações Unidas
“Presentes nesse salão hoje estão representantes de governos que têm ignorado, facilitado, financiado, participado e ou até planejado e levado a cabo atrocidades infligidas pelos dois lados do conflito na Síria contra civis sírios”, declarou.
Ki-moon criticou também o governo de Bashar Al-Assad que, segundo ele, é o principal responsável pela violência no país.
“Muitos grupos mataram muitos inocentes, mas nenhum mais que o governo da Síria, que segue lançando barris com explosivos em bairros e que tortura sistematicamente milhares de detidos”, disse o diplomata, que defendeu a necessidade de uma “transição política” naquele país.
Nesta segunda-feira (19/09), um comboio de ajuda humanitária da ONU e da Cruz Vermelha foi atacado na região de Aleppo, na Síria, matando ao menos 20 civis e um membro das organizações.
Em seu último pronunciamento em uma Assembleia Geral da ONU, o sul-coreano – que deixará o cargo no fim do ano -, também desculpou-se em nome da ONU pelo papel da entidade no surto de cólera no Haiti e pelos reiterados casos de violência sexual cometida por soldados da organização, conhecidos como “boinas azuis”, em diferentes países.
Segundo ele, esses foram “dois assuntos que mancharam a reputação das Nações Unidas e, muito pior, traumatizaram muita gente”.
Nos últimos anos, dezenas de “boinas azuis” foram acusados de cometer abusos sexuais, inclusive com menores de idade, com muitos dos casos registrados na República Centro-Africana.
“Os atos desprezíveis de exploração e abuso sexual cometido por um grupo de boinas azuis da ONU e outros profissionais agravaram o sofrimento de pessoas já afetadas por conflitos armados e minaram o trabalho feito por tantos outros ao redor do mundo. Protetores jamais devem se tornar predadores”, declarou, ao pedir “tolerância zero” para esse tipo de crime.
Já sobre o caso do Haiti, Ban disse sentir “tremendo pesar e tristeza pelo profundo sofrimento dos haitianos afetados pela cólera”. Neste ano, a ONU admitiu que teve influência no início da epidemia, que desde 2010 matou e afetou milhares de pessoas no país, e prometeu um novo pacote de medidas para apoiar as vítimas.
Obama defende 'democracia real'
Em seu pronunciamento na ONU, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que “qualquer forma de fundamentalismo e racismo” deve ser rejeitada, e defendeu a “democracia real” frente aos modelos autoritários conduzidos por “homens fortes”.
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Em discurso,. Barack Obama diz que é preciso abraçar tolerância
O mandatário disse que, diante dos desafios atuais, não lhe surpreende que alguns vejam, de forma equivocada, a solução em modelos autoritários frente a “governos inclusivos” e que respeitam o Estado de Direito e os direitos humanos.
“Devemos rejeitar qualquer forma de fundamentalismo e racismo, e a crença em uma superioridade étnica que torna nossas identidades tradicionais irreconciliáveis com a modernidade”, declarou Obama em seu oitavo e último discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.
“Em seu lugar, temos que abraçar a tolerância que resulta do respeito a todos os seres humanos”, acrescentou o presidente.
Ele falou também sobre a necessidade de um “melhor modelo de cooperação” e integração entre os países, em vez de um “mundo profundamente dividido”.
“Devemos seguir em frente, não para trás”, disse o chefe de Estado norte-americano ao mencionar entre os progressos conseguidos durante seus quase oito anos de mandato a melhora da economia internacional, a aproximação com Cuba e o acordo de paz na Colômbia.
Obama afirmou também que cercar seu país com muros seria o mesmo que “encarcerá-lo”, em uma crítica ao candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, que propõe a construção de um muro entre EUA e México.
O mandatário citou, como desafios atuais para os países, a não proliferação nuclear, o combate a doenças como a zika e a crise dos refugiados, e disse que todos os países têm que “fazer mais”.
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Sobre a desigualdade econômica entre ricos e pobres, Obama afirmou que, em um mundo no qual 1% da população controla “mais riqueza” que os outros 99% “nunca será estável”.
Para o presidente norte-americano, o mundo “será mais seguro” se os refugiados receberem ajuda, ao mencionar que alguns países estão fazendo o correto, enquanto outros não.
Mauricio Macri
Em seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente argentino, Mauricio Macri, afirmou que seu principal objetivo à frente da Presidência de seu país é alcançar “pobreza zero” na nação.
Agência Efe
Mauricio Macri falou de prioridades de seu governo durante reunião de líderes mundiais na ONU
“Na Argentina levantamos três grandes objetivos. Avançar até a ‘pobreza zero’, isso é conseguir um país com igualdade de oportunidades onde nossos filhos possam ser protagonistas de seu futuro”, afirmou o mandatário, para quem “um país como o nosso, que é uma potência produtora de alimentos, não pode aceitar que haja pessoas passando fome”.
Outras prioridades de seu governo, de acordo com ele, são o combate ao narcotráfico e a “união” de argentinos “através do diálogo, o respeito à lei e à democracia”.
Macri disse também ter pedido ao Reino Unido para dialogar sobre a questão das Malvinas e que seu país tem interesse em avançar em uma relação bilateral com os britânicos.
“O diálogo e a solução pacífica de controvérsias são a pedra-base da Argentina democrática, por isso reitero nosso chamado ao diálogo com o Reino Unido para solucionar, amigavelmente, a disputa de soberania que temos pelas ilhas Malvinas, Sandwich do Sul e Georgias do Sul.
Ele fez um pedido para que a comunidade internacional apoie a busca pelos responsáveis pelos ataques contra a embaixada de Israel em 1992 e contra a AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), em 1994, ambos em Buenos Aires.
“Meu país condena grupos que promovem o terror”, disse Macri. “Para deter o fenômeno, a cooperação internacional é indispensável. Por isso, temos que promover o desenvolvimento, que não termina na fronteira”, acrescentou.
O presidente argentino declarou também que seu país está disposto a receber refugiados sírios e reforçou seu apoio para que a chanceler do país, Susana Malcorra, seja eleita secretária-geral da ONU. Segundo ele, sua eleição seria um avanço em prol da igualdade de gênero na instituição.
(*) Com Agência Efe