O vírus zika está de fato relacionado à microcefalia e outras más-formações fetais, declararam nesta quarta-feira (13/04) médicos dos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, na sigla em inglês), órgão do Departamento de Saúde do governo dos EUA.
“Não há mais nenhuma dúvida de que o vírus zika causa microcefalia”, disse o diretor dos CDC, o médico Thomas R. Frieden. “Nunca antes na história houve uma situação em que a picada de um mosquito pudesse resultar em uma devastadora má-formação”, disse ele, classificando o fenômeno como uma “associação sem precedentes” na medicina.
EFE
O Brasil foi um dos países mais afetados do mundo pelo vírus zika, em especial o Estado de Pernambuco
A análise do CDC foi publicada nesta quarta-feira no semanário The New England Journal of Medicine. Frieden declarou que a agência, que nesta semana afirmou que a situação do vírus nos EUA é “mais alarmante” do que o previsto, reuniu “evidências de muitos estudos”.
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Frieden e outros médicos dos CDC disseram esperar que a confirmação aumente a preocupação com o zika nos EUA. As autoridades de saúde norte-americanas preveem que o vírus irá atingir Porto Rico e Estados do sul do país com a chegada do verão, em que as temperaturas mais quentes são propícias para a disseminação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus.
“A parte importante [da confirmação] é que agora os CDC podem agir sem perder tempo tentando confirmar a ligação [entre zika e más-formações]”, disse ao New York Times Eric J. Rubin, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Harvard e editor de The New England Journal of Medicine.
Os pesquisadores utilizaram também dados e estudos do Brasil, um dos países mais afetados pelo vírus e por casos de microcefalia. O Ministério da Saúde brasileiro declarou nesta terça-feira (12/04) que, entre outubro de 2015 e abril de 2016, foram confirmados 1.113 casos de bebês que nasceram com microcefalia ou outras alterações no sistema nervoso — dos quais 189 apresentam relação com o vírus zika.
Há meses a correlação entre o zika e alterações no sistema nervoso de recém-nascidos era uma suspeita de cientistas, inclusive da OMS (Organização Mundial da Saúde). No entanto, a associação carecia de respaldo científico. Estudos ao redor do mundo, inclusive no Brasil, têm apontado que para a existência da relação entre o vírus e as má-formações.