Além de provocar um alto número de assassinatos – mais de cinco mil nos últimos dois anos segundo dados oficiais –, o fenômeno do narcotráfico em Ciudad Juarez, no México, está mudando radicalmente a vida dos jovens. Facções formadas por menores de idade, que se autodefinem como membros de cartéis, se dedicam a extorsões e atos de violência nas escolas da capital do estado de Chihuahua. Denúncias de associações de defesa de menores reportam episódios de violência contra estudantes e professores, uso e venda de drogas e prostituição infantil.
Para tentar reduzir o problema, a secretária de Educação e Cultura de Chihuahua, Guadalupe Chacón Monárrez, anunciou que ampliará o horário das aulas em Ciudad Juárez para transformar as escolas em centros “concentradores”. Isso para evitar que as crianças sejam recrutadas como “falcões” ou capangas do crime organizado desde pequenos.
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“Temos que cuidar de nossos filhos, tratando de transformar as escolas em locais seguros, onde nossas crianças, cerca de 300 em cada um dos 60 institutos da cidade, possam ver que existem alternativas ao narcotráfico”, disse Chacón Monárrez.
Sem opções
Grande parte do problema está na falta de alternativas para os jovens da empobrecida cidade. Segundo Jesús Armando Acosta Guerrero e Víctor Manuel Ávila Vásquez, do grupo La Linea, braço armado do cartel de Juárez, presos em Ciudad Juárez durante uma operação da Polícia Federal, os cartéis pagariam cerca de 1,5 mil pesos (118 dólares) por semana aos membros, além de entregar drogas para uso pessoal, em uma cidade onde o salário médio nas fábricas é de 500 pesos (39 dólares) por semana.
O caminho para chegar à delinquência passa justamente pelas escolas secundárias, onde os cartéis recrutam jovens para vender drogas, serem vigilantes, mais conhecidos como “falcões”, e depois, escoltar narcotraficantes e “carteiros”, membros que se encarregam de transportar a droga aos habitantes da cidade, onde pessoas de todos os sexos e idades (cada vez mais jovens) se reúnem para consumir droga, principalmente heroína.
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