A ex-refém das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) Ingrid Betancourt, resgatada em uma operação há exatamente dois anos, reivindicou nesta sexta-feira (2/7) os golpes militares contra a guerrilha como o que permitiu seu resgate, e pediu aos guerrilheiros “provas de boa fé” para o acordo humanitário.
“Necessitamos provas de boa fé das Farc para o acordo humanitário. Não queremos ser úteis para uma estratégia de prolongar a guerra”, disse Ingrid, em Bogotá, durante a comemoração do segundo aniversário da Operação Jaque, que em 2 de julho de 2008 permitiu seu resgate e o de outros 14 sequestrados. Segundo ela, as operações militares como a Jaque e a recente Camaleón, que resgatou três policiais e um militar que estavam sequestrados há cerca de 12 anos, são os recursos “com mais êxito” na luta contra as Farc.
Para a ex-candidata à presidência da Colômbia, que esteve sequestrada durante quase seis anos e meio, as Farc “a partir dos anos 80 deixaram de ser um grupo rebelde e passaram a ser um cartel de drogas com hierarquia militar”. Ingrid acredita que agora, após os esforços explícitos dos governantes de negociar, está nas mãos do chefe da guerrilha, Guillermo Leão Sáenz, conhecido como Alfonso Calo, a escolha de manter as Farc isoladas ou “optar para que a Colômbia seja a que sonhamos”.
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Até agora, Ingrid, que também tem nacionalidade francesa, se refugiou em Paris para se ausentar da vida pública na Colômbia, para onde retornou, acompanhada de sua filha, para participar da comemoração do segundo aniversário da Operação Jaque. Também estiveram na cerimônia oficial os altos comandantes militares do país, os quatro libertados na Operação Camaleón e os 11 policiais e militares que foram resgatados junto com Ingrid.
Operação Jaque
Considerada uma referência no que diz respeito à estratégia e inteligência, a Operação Jaque fez militares se passarem por integrantes de um grupo de ajuda humanitária e assim libertar 15 reféns sem disparar um só tiro. Entretanto, alguns “erros” operacionais vieram à tona pouco depois, como o uso indevido por parte de militares do emblema do CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha ), o que fez o governo do presidente Álvaro Uribe se pronunciar publicamente pedindo desculpas.
Confiança
Durante o evento, Ingrid Betancourt felicitou o presidente eleito, Juan Manuel Santos, que na época de seu resgate ocupava o cargo de ministro da Defesa. “Estou muito tranquila e confiante no futuro da Colômbia”, disse a ex-refém ao mencionar que com a eleição de Santos, a quem qualificou de um “grande amigo”, seu país vai “seguir um bom caminho”.
Além disso, Ingrid também homenageou os heróis anônimos da Operação Jaque e mandou uma mensagem de “esperança” aos que seguem presos na selva. “Tenham fé. Vocês também terão seu momento de liberdade. Que aconteça outro milagre para que libertemos todos e todos possamos nos reunir. Eu sei que vamos conseguir”, enfatizou.
No entanto, questionada sobre sua volta às atividades políticas a ex-refén das Farc não quis se pronunciar. Sobre a proposta de governo apresentada por Santos de fazer da Colômbia uma “união nacional”, Ingrid se limitou a dizer: “Seja o que Deus quiser”.
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