* Atualizada às 12h44
O presidente de Burkina Fasso, Blaise Compaoré, anunciou nesta sexta-feira (31/10) que está renunciando ao cargo, encerrando 27 anos de poder à frente do país africano. Em comunicado emitido há pouco, o político confirmou que a presidência está vacante e pediu que eleições “livres e transparentes” sejam convocadas em 90 dias. O chefe das Forças Armadas, general Honoré Traoré, já afirmou que é o novo presidente interino do país.
Antes da confirmação de Compaoré [na foto, à direita], um alto oficial do Exército de Burkina Fasso adiantara que o presidente havia sido de fato deposto e não estava mais no poder.
Mais cedo, o político dissera, em resposta aos protestos da população, que permaneceria no cargo em 2015 durante “período de transição”, cedendo o comando do país após eleições democráticas que deveriam ser convocadas no prazo de 12 meses.
“A partir de hoje, Compaoré não está mais no poder”, disse o coronel Boureima Farta a dezenas de milhares de pessoas, que se aglomeraram em frente ao quartel-general do Exército para pedir a deposição do político, que buscava o quinto mandato presidencial.
Demanda dos manifestantes
A renúncia do presidente acontece no dia seguinte dos protestos que mobilizaram uma multidão na capital do país, Ougadougou. Por conta disso, ontem, o presidente havia declarado estado de sítio no país — já revogado hoje — para conter as fortes manifestações iniciadas para rechaçar o desejo de Compaoré de prolongar mais uma vez seu mandato. O levante popular foi feito em resposta a uma manobra legislativa, na qual os parlamentares pretendiam votar uma emenda constitucional que concederia o quinto mandato a Compaoré.
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Em meio ao conflito, pelo menos três manifestantes foram mortos a tiros pela polícia, sendo que inúmeros foram feridos pelas forças de segurança.
Nas ruas, a população que pôs fogo na sede do Parlamento gritava “27 anos é suficiente”, em alusão ao tempo em que Compaoré está no poder. O atual presidente assumiu o cargo em 1987, quando protagonizou um golpe de Estado que destituiu seu antecessor, Thomas Sankara.
Oposição
O chefe das Forças Armadas, general Honore Traore, havia anunciado ontem que o Executivo (governo) e o Legislativo (parlamento) haviam sido destituídos, além de ter imposto um toque de recolher em todo o território nacional. No lugar, seria nomeado um novo “governo de inclusão”, cujo comando “de transição” incluirá representantes de todos os lados da cena política e trabalhará para convocar eleições no período de 12 meses. Agora, com a renúncia do presidente o pleito está previsto para 90 dias, mas não se sabe quem ficará no comando durante o período.
Agência Efe
Manifestantes tomaram as ruas e prédios públicos para protestar contra medida que previa reeleição de presidente, no poder desde 1987
Após a declaração do presidente dizendo que permanece no comando em 2015, líderes da oposição vieram a público para renovar os pedidos de renúncia. Uma declaração do opositor Zephirin Diabre também convoca a população a continuar nas ruas e ocupar prédios públicos. Outro expoente da oposição, Emile Pargui Pare, do Movimento das Pessoas para o Progresso, afirmou que os protestos de ontem eram a “Primavera negra de Burkina Fasso”, fazendo referência ao processo que ficou conhecido como Primavera Árabe.