Pouco após saudar os presentes a seu julgamento com a saudação nazista, o terrorista norueguês Anders Behring Breivik admitiu nesta segunda-feira (16/04) a autoria dos atentados de julho na Noruega, que resultaram na morte de 77 pessoas, mas negou que seja culpado. “Reconheço os fatos, mas não a culpa. Atuei em defesa própria”, disse Breivik à juíza, após a promotora Inga Bejer Engh ler a acusação contra ele.
Durante uma hora, Engh repassou os 77 “homicídios premeditados”, além de um delito de terrorismo, dos quais Breivik é acusado. A promotora fez uma descrição breve sobre cada vítima e ferido no duplo atentado: primeiro com um carro-bomba no complexo governamental de Oslo e depois na ilha de Utoeya, ao oeste da capital, onde Breivik assassinou 69 pessoas que participavam do acampamento das Juventudes Trabalhistas.
Engh disse que os crimes têm uma dimensão “nunca antes vista em nossa história moderna”, e nomeou cada vítima, disse onde estava e como morreu ou ficou ferida. Breivik permaneceu imóvel, com a cabeça abaixada, enquanto na sala em silêncio alguns dos familiares das vítimas choravam ou fechavam os olhos.
A promotora lembrou que será pedido, de acordo com o primeiro relatório mental realizado em Breivik – que o considera um doente mental -, que ele seja transferido a um centro psiquiátrico. Isso porque, na Noruega, uma pessoa não pode ser condenada à prisão se não for penalmente responsável por seus atos, podendo ficar por indefinidos anos retida. Caso seja condenado como um preso comum, Breivik cumpre a pena máxima de 30 anos.
Fundamentalismo cristão
Para o terrorista norueguês, o duplo atentado executado por ele só alcançaria seu objetivo se, além das mortes, sua mensagem e ideologia conseguisseem obter repercussão. Breivik fez questão de, logo após ter sido preso, tentar divulgar de todas as maneiras um documento de 1.518 páginas intitulado 2083: uma declaração europeia de independência.
Em resumo, trata-se de uma manifestação de repúdio ao Islã, a valores como tolerância, sociedade multiétnica e multiculturalismo, assim como uma visão muito particular de marxismo e do culturalismo, leituras do mundo que, na sua opinião, uniria políticos, intelectuais ou simples adeptos de correntes de esquerda e até de direita.
Breivik trouxe para a pauta da extrema-direita a defesa do uso indiscriminado da violência, justificada por uma trama fictícia futurista (que termina no ano de 2083, com a vitória da Europa cristã sobre o islã) e um perfil narcisista que fez de si mesmo durante uma autoentrevista.
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