O partido conservador Fine Gael escolheu nesta sexta-feira (02/06) Leo Varadkar como sucessor do primeiro-ministro da República da Irlanda, Enda Kenny, na liderança da legenda e do governo de Dublin, o que o tornará o primeiro líder abertamente gay do país.
Varadkar, de 38 anos, derrotou o ministro de Agricultura e Pesca, Simon Coveney, de 44 anos, nas eleições convocadas pelo partido após a renúncia de Kenny, no último dia 17. A sessão de posse do novo premiê está prevista para o próximo dia 13 de junho.
O novo líder do Fine Gael, partido democrata-cristão, obteve o apoio de 60% dos filiados, representantes locais e membros do grupo parlamentar que votaram no pleito.
Varadkar, ministro de Proteção Social, obteve o apoio de 70% dos seus companheiros de partido no Parlamento de Dublin e no Europeu e de 55% dos dirigentes locais, mas só obteve 35% da militância, cuja maioria preferiu Coveney.
Não obstante, o sistema do Fine Gael para escolher seu líder estabelece que os votos do grupo parlamentar representam 65% do resultado final, em relação a 25% dos representantes locais e 10% dos filiados.
O ainda “Taoiseach” (premiê), Kenny, parabenizou “de todo coração” Varadkar por sua vitória e lhe ofereceu seu “total apoio” para “o trabalho que tem pela frente”.
O veterano político assumiu o FG há 15 anos, chegou ao poder em 2011 e obteve um segundo mandato nas eleições gerais do ano passado, o que o converteu no dirigente do FG que mais tempo foi “Taoiseach”. Sua renúncia provocou a eleição para a escolha do novo líder do partido e do governo.
Agência Efe
Leo Varadkar, novo líder do partido conservador e governista irlandês Fine Gael, será primeiro premiê abertamente gay do país
Gerry Adams, presidente do partido de esquerda Sinn Féin, parabenizou Varadkar pela vitória, mas ressaltou que sua liderança levará o Fine Gael ainda mais para a direita e criticou o processo eleitoral da legenda conservadora.
“Para um partido que tem dado sermão sobre democracia a outros partidos, a natureza desta eleição foi bem antidemocrática. Cerca de 65% dos membros [do Fine Gael] votaram no oponente de Varadkar, e ainda assim ele saiu vencedor”, declarou Adams.
“O fato é que Leo Varadkar não tem mandato para liderar este país. Na verdade, ele mal tem mandato para liderar seu partido, mas isso é problema deles. Ele deveria convocar eleições gerais imediatamente e buscar um mandato estabelecido pelo povo”, afirmou o presidente do Sinn Féin.
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Varadkar chega ao poder com uma agenda principalmente conservadora, ainda que seja o primeiro chefe de governo do país abertamente homossexual e que se declare progressista em várias questões relacionadas a minorias.
O próximo primeiro-ministro é filho de um médico indiano e de uma enfermeira irlandesa. Por isso, ele representa também os imigrantes que chegaram nos últimos anos ao país, que tradicionalmente sofreu o efeito contrário, ao ver milhares de jovens deixando a região.
Apesar de sua juventude, Varadkar, médico como o pai, tem experiência de governo, após ocupar os ministérios da Saúde, entre 2014 e 2016, e o de Transporte, Turismo e Esporte, de 2011 a 2014.
Varadkar tem fama de ser um político ultraconservador em matéria econômica. Frequentemente, seus críticos o comparam com os “tories” (conservadores) britânicos mais tradicionalistas.
Ainda que se declare de centro-direita, a personalidade de Varadkar mostra a cara da nova e progressista Irlanda, o primeiro país do mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo através de um referendo realizado em maio de 2015.
*Com Agência Efe