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Eleito com 45,5% dos votos, Adama Barrow assumiu a presidência da Gâmbia nesta quinta-feira (19/01) em embaixada no Senegal
A princípio, Barrow ia prestar juramento em seu próprio país, cujo território é rodeado pelo Senegal, afirmou nesta quarta-feira (18/01) o ministro de Relações Exteriores senegalês, Mankeur Ndiaye. No entanto, o presidente eleito acabou assumindo fora do país após o fracasso da tentativa de mediação do presidente da Mauritânia, Mohammed Ould Abdel Aziz, por uma transição de governo pacífica.
Tropas regionais, sob comando da Cedeao, foram posicionadas na fronteira da Gâmbia com o Senegal, preparadas para entrar no país e tirar Jammeh do poder. A organização regional, que reúne 15 países da região, conta na região com soldados da Nigéria, Gana, Mali e Togo, além de Senegal, encarregado de comandar a operação militar.
Em dezembro, após a divulgação dos resultados das eleições, a Cedeao já havia advertido que enviaria tropas para “para restabelecer a vontade do povo” se Jammeh, há 22 anos à frente do governo, continuasse se negando a ceder o poder. Milhares de gambianos e turistas saíram do país temendo um conflito militar.
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Barrow, o novo presidente gambiano, pediu nesta quinta-feira ao exército de seu país que lhe mostre lealdade e não ofereça resistência perante a possível intervenção da coalizão militar regional conjunta para obrigar o ex-chefe de Estado a ceder o poder em Banjul, capital da Gâmbia.
Jammeh declarou estado de emergência nesta terça-feira (17/01) por um período de três meses, devido à possível intervenção militar no país. Em apoio à medida executiva, o parlamento autorizou Jammeh a permanecer no poder durante esse período.
Por sua parte, o porta-voz da coalizão opositora liderada por Barrow, Halifa Sallah, afirmou que a decisão de decretar o estado de emergência é uma tentativa de impedir a posse do novo presidente. “O estado de emergência não faz sentido já que não há distúrbios na Gâmbia, onde a população respeitou os apelos da oposição, que pediu calma e tranquilidade e para que não respondessem a nenhuma provocação”, disse Sallah.
Apesar de inicialmente ter aceitado sua derrota, Jammeh voltou atrás e declarou que anularia as eleições, que acusou de terem sofrido “influência estrangeira”. “Vamos voltar às urnas porque eu quero ter certeza de que cada gambiano votou sob uma comissão eleitoral independente, neutra e livre de influência estrangeira”, afirmou, sendo criticado pela comunidade internacional.
Jammeh chegou ao poder por meio de um golpe de estado em 1994. Ele foi eleito quatro vezes para continuar no poder do país, embora os resultados sempre tenham sido contestados. Nas eleições de 2016, no entanto, Adama Barrow venceu com 45,5% dos votos, contra 36,6% dos votos de Jammeh, em um pleito que teve a participação de 65% da população gambiana.
Nos últimos dias de seu mandato, Jammeh contava com cada vez menos apoio dentro do seu próprio governo, com a renúncia de quatro ministros, além da então vice-presidente, Isatu Njie-Saidy.
*Com Agência Efe