O Conselho para Gestão e Redução de Desastres das Filipinas confirmou, nesta quinta-feira (14/11), 2.357 mortes em razão da passagem do supertufão Hayan. Segundo o último relatório, 3.853 pessoas ficaram feridas e 77 estão desaparecidas. O número, no entanto, pode chegar a 10 mil, segundo a ONU. Nesse mesmo dia, os Estados Unidos enviaram um porta-aviões para auxiliar no transporte de suprimentos.
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As autoridades preveem que o número de mortos continue crescendo nas próximas horas, quando as equipes de resgate conseguirem ter acesso às zonas mais remotas.
Agência Efe
Sobreviventes do Hayan caminham sob escombros em Tacoblan
Cerca de 300 corpos começaram a ser sepultados em uma vala comum fora da cidade da Tacoblan. Uma vala maior, com capacidade para mil cadáveres, será escavada, segundo o administrador municipal, Tecson John Lim.
A prefeitura permanece paralisada, com apenas 70 funcionários – em geral são 2500, disse Lim. Muitos servidores morreram, ficaram feridos, perderam suas famílias ou estão simplesmente traumatizados.
O governo está distribuindo 50 mil cestas básicas por dia, cada uma contendo seis quilos de arroz e produtos enlatados, mas isso cobre apenas 3% das 1,73 milhão de famílias afetadas.
O porta-aviões norte-americano USS George Washington e quatro navios acompanhantes chegaram à costa da província de Samar, no leste, levando 5.000 tripulantes e mais de 80 aeronaves, incluindo 21 helicópteros.
O Japão também planeja enviar até mil soldados, além de embarcações e aeronaves militares, no que pode ser a maior mobilização militar do país desde a II Guerra Mundial.
Problemas
Enquanto os esforços humanitários internacionais se aceleram, muitos proprietários de postos de gasolina que foram poupados pela tempestade se recusaram a abrir, o que resulta em pouco combustível para os caminhões que precisam levar mantimentos e equipes médicas pelas áreas devastadas na sexta-feira pelo tufão.
“Ainda há corpos na estrada”, disse Alfred Romualdez, prefeito de Tacloban, cidade de 220 mil habitantes reduzida a escombros. “É assustador. Há uma solicitação da comunidade para irmos retirar os corpos. Disseram que eram de cinco a dez. Quando chegamos lá, eram 40”.
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A escassez de caminhões obriga as autoridades a fazerem escolhas. “A opção é usar o mesmo caminhão para distribuir comida ou recolher corpos”, disse o prefeito.
Pressão
O presidente filipino, Benigno Aquino, está sob crescente pressão para acelerar a distribuição de mantimentos, alimentos, água e remédios para os sobreviventes do supertufão Haiyan.
Desde a chegada do tufão, Aquino está na defensiva pela forma como lidou com os preparativos e com a reação ao fenômeno.
Ele diz que o número de mortos poderia ter sido maior se as autoridades não tivessem desocupado áreas de risco e preparados suprimentos de emergência, mas sobreviventes nas áreas mais afetadas dizem que não foram avisados da violenta ressaca marítima que acompanhou o tufão.
As Filipinas solicitaram oficialmente ajuda aos EUA no sábado (11), um dia depois da passagem do tufão pela região central do arquipélago, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
Tragédia
De acordo com os dados oficiais, o tufão Haiyan já é o terceiro maior desastre natural em número de mortes da história das Filipinas.
Só é superado pelo tsunami de 1975, que causou entre 5 mil e 8 mil mortos no sul da ilha de Mindanao, e as inundações provocadas em 1991 pela tempestade Thelma, que matou a 5,1 mil pessoas na cidade de Ormoc, na ilha de Leyte.
No total, o Conselho informou que 1 milhão de famílias, cerca de 8 milhões de pessoas, foram atingidas pelo tufão em 54 cidades do país.
Aproximadamente 112 mil dessas famílias tiveram que abandonar suas casas por causa do desastre e buscam alojamento em algum dos 1.099 abrigos habilitados pelas autoridades, acrescentou o órgão governamental.
As autoridades estimaram que cerca de 80 mil casas ficaram completamente destruídas por causa dos ventos de mais de 225 km/h e pela subida do nível do mar em até quatro metros.
O Conselho acredita que os prejuízos causados pelo tufão chegam a 4 bilhões de pesos, dos quais 360 milhões foram causados na infraestrutura.
O governo filipino cifrou em 3,8 bilhões de pesos (89,5 milhões de dólares) a ajuda de 36 países e organizações estrangeiras, depois que a ONU pediu que a comunidade internacional enviasse 301 milhões de dólares às Filipinas para os trabalhos de emergência nos próximos seis meses.
Trégua
O Partido Comunista das Filipinas, braço político do grupo rebelde NPA (Novo Exército do Povo), ordenou nesta quinta-feira a seus combatentes cessarem os ataques contra as autoridades nas províncias devastadas pelo tufão Haiyan.
“Essa declaração de cessar-fogo cobre os comandos regionais do NPA em: Visayas Oriental, Panay, Visayas Central e as Ilha de Negros”, precisou o Partido Comunista em comunicado publicado em seu portal da internet.
O cessar-fogo unilateral da violência entrou em vigor hoje e tem vigência de 10 dias, até a meia-noite de 24 de novembro, segundo o braço político da guerrilha, que também ordenou às unidades regionais transmitir a mensagem de paz nas ilhas de Masbate, Palawan e Mindoro.
“Com essa declaração, todas as organizações de ajuda, tanto locais como internacionais, têm garantida sua segurança dentro das regiões afetadas pela calamidade onde a guerrilha atua”, disse o grupo rebelde.
O cessar-fogo pode ser ampliado “à medida que se avalie o alcance da devastação”.
Os membros rebeldes, no entanto, permanecerão ativos e em modo de defesa diante de possíveis movimentos hostis das Forças Armadas Filipinas.
O Novo Exército do Povo tem cerca de 6 mil combatentes e há 43 anos trava luta armada em um conflito que já causou cerca de 30 mil mortes.