Marina Terra / Opera Mundi (07/10/12)
Eleitor venezuelano mostra o dedo sujo de tinta indelével, logo após votar em Caracas
As ruas adjacentes ao Liceo Manuel Palacio Fajardo, no bairro caraquenho de 23 de Janeiro, já estavam abarrotadas quatros horas da chegada de Chávez. Sob um sol escaldante, a multidão disputava um espaço para ver o candidato à reeleição. Fogos de artifício anunciaram a chegada da carreata com o presidente venezuelano, que dirigia o próprio carro.
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O que “está em jogo nessas eleições é a independência, ou seja, o fim do modelo neoliberal, da colônia”, disse o presidente logo após votar. Com o dedo mindinho manchado, ele reforçou que sua reeleição significaria uma consolidação do processo revolucionário levado a cabo desde sua primeira eleição, em 1998. “Muitos tomavam a Europa como referência, mas veja o que está acontecendo agora. Que os povos da Europa consigam conter a explosão social que está em marcha”, destacou.
Marina Terra / Opera Mundi (07/10/12)
Chávez fala com jornalistas após votar: “o povo será meu sucessor”
“Temos uma democracia pujante, madura, sólida. Quem quiser ver democracia de verdade, venha para a Venezuela”, completou, após ser perguntando o motivo de a liberdade e a transparência das eleições venezuelanas serem questionadas mundo afora. Diversas delegações de observadores nacionais do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Unasul (União de Nações Sul-Americanas), entre outras, comentaram ao longo da semana que o processo eleitoral venezuelano é um dos mais seguro do mundo.
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“Meu sucessor? O povo será meu sucessor”, afirmou, ao ser questionado sobre quem escolheria para lhe suceder em uma eleição futura. “Aqui trabalhamos com outros códigos. Essa revolução não tem a ver com ‘Chávez’, mas o povo. Não pensamos em termos como esses”, sublinhou. Ele também afirmou que reconhecerá qualquer que seja o resultado. “Claro que telefonarei para Capriles. Espero que ele também faça esse gesto”, brincou.
Marina Terra / Opera Mundi (07/10/12)
Centro de votação no bairro caraquenho de 23 de Janeiro
De acordo com Chávez, o momento atual é especial, tendo em vista que a Venezuela “quase passou por uma guerra civil” no final dos anos 1980, citando o “Caracaço” (1989), uma revolta popular desatada após uma alta espetacular nos preços do combustível e dos alimentos. A Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
“Saúdo o 23 de Janeiro, este bairro que aqui estamos, que resistiu bravamente aos golpes daquele governo. Mas infelizmente traíram o espírito do 23. Não se entende o passado sem o presente e vice versa”, finalizou, antes de seguir para fora do centro de votação. Mais fogos e gritos de “Uh! Ah! Chávez não se vá” o esperavam. Resta ao bastião chavista, cujo nome deriva da queda de xxx, esperar com ansiedade pelo resultado.