A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) piorou em seu relatório semestral suas perspectivas econômicas a respeito do crescimento dos países da zona do euro. Para este ano, será esperada uma queda do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,6%, enquanto, para 2014, o crescimento foi limitado para 1,1%.
“A situação continua sendo particularmente frágil na Europa”, constatou na apresentação do relatório o secretário-geral da organização, Ángel Gurría, destacando que o desemprego se mantém “muito alto” e em alguns casos em níveis recorde.
Os casos mais extremos são da Espanha e Grécia, onde o desemprego vai piorar ainda mais em 2013 e 2014, quando será superado o limite de 28%.
A situação no grupo da moeda única europeia contrasta com a do Japão, que está se recuperando em parte graças às medidas “não convencionais” aplicadas por seu banco central, que injetou liquidez e depreciou o iene, segundo o diagnóstico dos autores do estudo, que preveem uma alta no país de 1,6% do PIB neste ano e de 1,4% em 2014.
Mas a diferença com a eurozona fica marcada principalmente pelos Estados Unidos, que segundo a OCDE terá em 2013 um crescimento de 1,9% e no ano seguinte de 2,8%, números ainda maiores do que na previsão anterior.
O economista-chefe do organismo, Pier Carlo Padoan, destacou que os Estados Unidos atacaram mais rapidamente do que a Europa o problema da capitalização de seus bancos, o que permitiu estabilizar a situação financeira. Além disso, o país atuou com mais urgência para ajustar o setor imobiliário após a explosão da bolha do setor.
O vice-diretor da OCDE, Jorgen Elmeskov, também reconheceu que a primeira economia mundial se viu beneficiada pelo impulso da exploração do gás e do petróleo de xisto, o que evitou a importação de hidrocarbonetos e melhorou a competitividade de suas empresas.
Apesar das expectativas ruins da zona do euro, que constituem o principal risco identificado pela OCDE para o conjunto da economia mundial, Gurría destacou os “progressos feitos” nesses países e “em particular na periferia” para sanear as contas públicas e levar a cabo reformas estruturais.
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“Esses sacrifícios não foram em vão, e uma vez haja recuperação seus efeitos serão perceptíveis”, assegurou o secretário-geral, para quem a diferença entre consolidação fiscal e estímulos para o crescimento “é um falso dilema”.
O economista acrescentou que para os países mais frágeis, posicionar-se em uma caminho “sustentável” de redução do déficit e da dívida é “uma necessidade”, e que é preciso continuar com as reformas estruturais.
Mas em paralelo, pediu que as políticas adotadas deem prioridade ao emprego -levando em conta que no conjunto dos 34 membros da OCDE há 49 milhões de pessoas sem trabalho-, a uma divisão igualitária dos esforços e ao restabelecimento da confiança.
De acordo com os autores do relatório, neste ano os países da zona do euro que sofrerão recessão são Grécia (-4,8%), Portugal (-2,7%), Eslovênia (-2,3%), Itália (-1,8%), Espanha (-1,7%), França (-1,7%), Holanda (-0,9%) e Chipre (para o qual não há dados), enquanto a Alemanha terá um discreto crescimento de 0,4%.
No outro extremo da balança, o Chile terá o maior crescimento do grupo dos países desenvolvidos: 4,9% neste ano e 5,3% em 2014. Em seguida, aparece outro país latino-americano, o México, com uma alta de 3,4% em 2013 e de 3,7% em 2014.