A OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovou uma resolução de apoio a Honduras e concordou em enviar um comissão especial ao país amanhã (28) após pedido do embaixador do país no orgão, Carlos Sosa, solicitando uma reunião urgente para discutir a situação do país. Também ontem (26), o governo dos Estados Unidos expressou sua preocupação com “a ruptura no diálogo político” em Honduras, e pediu uma solução “democrática e pactuada”.
O Conselho permanente da instituição, que mostrou preocupação para que as instituições políticas e o diálogo sejam mantidos em Honduras, pediu ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, para que constitua, com caráter urgente, uma comissão especial que visite Honduras para “fazer uma análise dos fatos”.
O anúncio veio no mesmo dia em que o governo dos Estados Unidos manifestou sua posição quanto aos acontecimentos em Honduras. Durante entrevista coletiva diária do Departamento de Estado, o porta-voz adjunto, Philip Crowley, pediu à OEA que “tome todas as medidas apropriadas”, para que os princípios da Carta Democrática Interamericana sejam respeitados.
Os Estados Unidos, acrescentou, “pedem a todas as partes que busquem uma resolução pactuada e democrática, na situação política atual”.
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A crise política no país se iniciou após o anúncio do presidente de fazer uma consulta popular neste domingo a respeito de uma votação que possibilitaria uma reforma constitucional no país.
Zelaya convocou a consulta popular para saber se a população aprova a utilização da chamada “quarta urna” nas eleições de novembro, em que serão escolhidos o presidente (primeira urna), os parlamentares (segunda) e os prefeitos (terceira). A urna adicional seria dedicada a escolher membros de uma eventual Assembleia Constituinte.
A oposição alega que se a medida fosse aprovada abriria caminho para reeleição do presidente, Manuel Zelaya, que conta com forte apoio popular.
Agradecimentos
Zelaya, declarou que o apoio da comunidade internacional a seu governo, juntamente ao suporte do povo hondurenho, frearam a tentativa “coordenada” de vários poderes públicos, encorajados pela oligarquia do país, de derrubá-lo.
“Houve uma intervenção saudável dos organismos internacionais”, acrescentou o presidente durante uma entrevista à emissora de televisão multiestatal Telesur, retransmitida ao vivo pelo canal estatal da Venezuela VTV. Zelaya mantém boas relações com presidente venezuelano Hugo Chávez, e não é raro ser comparado a ele.
Crise institucional
Para Thelma Mejia, jornalista , pesquisadora de imprensa e política hondurenha e autora do livro Notícias inéditas de uma sala de redação, “no fundo, o que existe [em Honduras] é uma crise institucional, que passa por segurança jurídica e o desacato do governante a lei, em especial à Suprema Corte, um poder independente que existe precisamente para resolver as controvérsias”.
Mejia se refere à medida do presidente de destituir do cargo o chefe de Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, general Romeo Vasquez, por não apoiar a realização de um referendo, medida que a Corte Suprema classificou como inválida, mas que Zelaya garante que é legitima e não voltou a trás em sua decisão.
“A imprensa tem indicado que uma consulta é boa para a cidadania, mas respeitando a lei e a institucionalidade juridica do país”, conclui Telma.
Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem, em Nova York, que é importante que a institucionalidade seja respeitada e o sistema democrático seja mantido no país. Amorim disse ter conversado com embaixadores a respeito do assunto e acha que “está havendo maior tranquilidade” no país.
(Com reportagem de Daniella Fernandes e informações da EFE, BBC Mundo e O Estado de S. Paulo)
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