A ofensiva das tropas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão já conquistou avanços desde que começou, na madrugada de sábado (noite de sexta em Brasília), mas mudou de estratégia hoje (15) para evitar mais vítimas civis entre a população afegã. A operação é uma das maiores no país desde o início da guerra, em 2001.
Nestes três dias, os marines dos Estados Unidos, acompanhados de soldados britânicos e afegãos (na primeira operação de grande porte a envolver o país ocupado no comando conjunto), teriam conseguido tomar do Talibã o controle de Marja e Nad Ali, as principais cidades da região, segundo o comandante das forças armadas afegãs, general Aminullah Patiani.
“A quase totalidade das zonas de Marjah e de Nad Ali foi tomadas pelas forças conjuntas, estando sob nosso controle”, disse o general Patiani à agência de notícias francesa AFP. “Os talibãs deixaram a região, mas a ameaça de explosão de bombas artesanais ainda existe”.
A informação, no entanto, foi desmentida pela rede de TV britânica BBC, que afirma que os talibãs estão em número muito superior e teriam plantado explosivos nas ruas de Marja, retardando o avanço da coalizão liderada pelos EUA. Segundo um porta-voz dos marines, citado pela BBC, ainda há “forte resistência” do Talibã na cidade.
Hoje, a Otan divulgou que irá suspender o uso de artilharia pesada na operação. Em entrevista coletiva em Helmand, o chefe da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), sob comando da Otan, o general norte-americano Stanley McChrystal, anunciou a medida e disse que a ofensiva está sendo “liderada pelos afegãos”, algo que ressalta a “associação especial” entre as tropas estrangeiras e locais.
Junto a McChristal, o ministro do Interior afegão, Mohammed Hanif Atmar, destacou que a força aliada estará em constante contato com os líderes regionais para informar sobre a tática militar. Segundo o ministro, será lançado um programa de rádio para que a população da zona de combate saiba “o que deve fazer” para se proteger durante a ofensiva.
Mortos por engano
Desde o início, a Operação Mushtarak, destinada a expulsar o Talibã da região de Marja, na província de Helmand (sul do país), já provocou a morte de mais de 20 afegãos e de um soldado britânico – confirmada nesta segunda-feira pelo Ministério do Exterior do Reino Unido. Destes mortos, 12 eram civis que a Otan admitiu depois ter matado “por engano” no domingo, quando tentavam alvejar um abrigo usado pelos talibãs a 300 metros de distância. As vítimas estavam refugiadas em uma residência perto da cidade de Marja, tentando se proteger dos disparos.
Hoje na coletiva, McChrystal pediu “desculpas” ao presidente afegão, Hamid Karzai, e ordenou que o sistema de lançamento de mísseis não seja mais utilizado até nova inspeção.
Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha denunciou que as tropas da aliança ocidental estão impedindo o socorro aos civis feridos, e que cerca de 100 mil ainda estão encurraladas nos arredores de Marja. “É preciso um corredor humanitário imediatamente”, diz uma nota da entidade no local. “Continuamos a ouvir estrondos muitos fortes, que certamente não são de artilharia terrestre. E podemos ver a passagem contínua de caças e helicópteros”.
Outros três soldados britânicos também teriam morrido, mas em ações não relacionadas à Operação Mushtarak.
Segunda fase
A região de Marja é grande produtora de papoula, matéria-prima da fabricação do ópio, droga cujo tráfico é uma das principais fontes de renda não só de grupos guerrilheiros e terroristas, mas também de líderes tribais e regionais da Ásia Central.
Depois da “liberação” desta área de Helmand, a segunda fase da Operação Mushtarak deve permitir a restauração da autoridade do governo afegão.
*Com informações das agências de notícias EFE e AFP.
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