A cidade de Hama voltou nesta terça-feira (02/07) a ser o alvo principal dos bombardeios das Forças Armadas sírias, que deixaram pelo menos cinco mortos, na terceira jornada de violenta ofensiva militar após o início do mês sagrado do Ramadã.
As tropas e os membros das forças de segurança continuaram suas operações em Hama e em outras regiões do país a fim de aplacar as vozes que pedem a queda do regime do presidente sírio Bashar al Assad, que, por sua vez, acusou “grupos armados” de atacar policiais com armas de fogo e coquetéis molotov.
Em Hama, onde a repressão deixou nos últimos dias dezenas de vítimas, o grupo opositor Comitês Locais de Coordenação informou que cinco pessoas, duas delas irmãos, morreram pelas bombas dos tanques do exército.
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Segundo os Comitês, os fatos ocorreram durante o bombardeio nos bairros de Janub Malab e Qusur, enquanto a rede Revolução Nawruz, na Síria, assinalou que duas pessoas morreram na ponte de Al Mazareb e outras duas na mesquita do Sheikh Bashar.
Os grupos opositores afirmaram em suas páginas na rede social Facebook que há franco-atiradores mobilizados por toda a cidade e que os moradores de Hama temem que as forças de segurança irrompam na cidade.
Além disso, a rede Revolução Síria, contra Bashar al Assad, indicou que os ataques com armas pesadas danificaram a mesquita de Al Sharia no momento das orações de meio-dia. Parte do minarete do templo ficou destruído.
Em 1982, a cidade de Hama sofreu um massacre cometido pelo regime de Hafez al Assad, pai do atual presidente, para sufocar um levante islâmico que deixou entre 10 mil e 40 mil mortos.
Há três dias, coincidindo com a véspera do início do Ramadã, as autoridades sírias aumentaram suas operações repressivas e deixaram cerca de cem mortos.
Só nesta segunda-feira, 24 pessoas morreram, dez delas após a oração noturna de “Tarawih”, típica do Ramadã, destacou nesta terça-feira o presidente do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abdul Rahman.
“Houve manifestações em todas as áreas e tiros até dentro das mesquitas, prisões em massa e uma campanha para aterrorizar os cidadãos”, denunciou o ativista.
Nesta terça-feira, foram celebrados os funerais das últimas vítimas em Hama, Homs (região central) e Latakia, entre outras cidades. Alguns deles culminaram em grandes manifestações.
Cidades da província de Rif Damasco como Arbeen também foram palco de velórios, durante os quais as forças de segurança atiraram contra os presentes e efetuaram uma ampla batida de detenções.
Já em Homs, os ativistas denunciaram o forte desdobramento militar e o repressivo ataque dos policiais contra os detentos da prisão da cidade que gritavam no pátio “Alá é grande”.
No entanto, a versão das autoridades volta a insistir na existência de “grupos armados”, aos quais acusam de estar por trás dos protestos e dos últimos incidentes.
Segundo o regime, esses grupos lançaram na segunda-feira um intenso ataque com munição e coquetéis molotov contra prédios do governo e delegacias de polícia em Hama.
Uma fonte oficial anônima informou nesta terça-feira à agência de notícias estatal Sana que homens com metralhadoras patrulharam a cidade em motocicletas, enquanto a televisão síria recolheu testemunhos de soldados em hospitais supostamente feridos por “grupos terroristas armados”.
Devido à estrita censura imposta pelas autoridades sírias aos jornalistas, nem essas versões nem os números de vítimas divulgados pelos ativistas opositores puderam ser checados de forma independente.
A repressão dos protestos, que começaram em meados de março passado, já tirou a vida de pelo menos 1.618 civis e de 374 agentes de segurança, ressalta o Observatório.
Enquanto a situação se agrava na Síria, o Conselho de Segurança da ONU continua guardando silêncio sobre a violência no país à espera de obter um acordo entre seus membros, apesar da pressão dos países europeus para que a entidade condene o regime de Damasco.
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