A OMS (Organização Mundial da Saúde) confirmou nesta sexta-feira (03/06) que a bactéria intestinal E. coli Enterohemorrágica pode ser transmitida de pessoa para pessoa através dos sedimentos ou por via oral.
“Este tipo de transmissão nos preocupa e, por esta razão, queremos
que se reforcem as mensagens relativas à higiene pessoal”, declarou a
epidemiologista da OMS, Andrea Ellis.
A especialista assinalou que por enquanto todos os casos “estão
relacionados com o norte da Alemanha”, de modo que se acredita que a
exposição à bactéria esteja “limitada a essa área”.
Sobre as vias de transmissão, explicou que o contágio “pode ocorrer
sem uma higiene adequada”, por isso que uma medida de prevenção eficaz é
lavar bem as mãos após ir ao banheiro e antes de tocar nos alimentos.
O norte da Alemanha concentra 95% dos casos: 1.213 de E. coli
Enterohemorrágica (EHEC), dos quais seis foram mortais; e 520 da
Síndrome Hemolítico-Urêmica (SUH), com 11 mortes.
O número de doentes em um total de 12 países aumentou para 1.823, dos quais 18 morreram.
O EHEC tem um período de incubação médio de três a quatro dias, com a
maioria de pacientes que se recuperam em 10 dias, mas em uma pequena
parte dos pacientes -principalmente crianças e idosos – a infecção pode
levar ao SUH, uma doença grave que se caracteriza por causar
insuficiência renal aguda.
Uma vez que aparece o SUH surge a doença em toda sua gravidade, com um risco de mortalidade entre 3% e 5%, segundo dados da OMS.
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O SUH é a causa mais comum de insuficiência renal grave em crianças e
pode causar complicações neurológicas até 25% de pacientes e deixar
sequelas.
Em entrevista coletiva, Ellis mencionou que um aspecto incomum deste
surto é o grande número de casos de SUH e também o fato de que os
adultos sejam os mais afetados, quando normalmente não é o grupo de
maior risco.
Além disso, comentou que o maior impacto está entre as mulheres por
supostamente tenderem a consumir mais vegetais crus em saladas, e
acredita-se que é ali onde está a origem da bactéria.
“O mais provável é que neste caso o modo de transmissão seja através
dos alimentos, mas não sabemos qual. E isto também não significa que
não possa ser outra coisa”, enfatizou, após explicar que a água, o
contato com animais ou com pessoas infectadas também são outros modos
conhecidos de transmissão.
De outro lado, precisou que a variante da bactéria letal que circula
na Alemanha tinha sido vista já no ser humano, mas sempre de maneira
esporádica e nunca em situações de epidemia.
O especialista reconheceu que “há algo nesta bactéria que a torna particularmente virulenta”, mas ainda não se decifrou o que é.
Sobre o tratamento, indicou que a OMS desaconselha a administração
de antidiarréicos e antibióticos “porque podem piorar a situação”,
embora “pode surgir casos particulares que os usem”.
Entre as razões – acrescentou – é que os antidiarréicos desaceleram o
trânsito intestinal, o que faz com que o risco de absorção da toxina
liberada pelo E. coli seja maior.
Questionada se este surto epidêmico é passageiro, Ellis respondeu que “é muito cedo para afirmar”.
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