Quatro organizações beneficentes norte-americanas estão sendo acusadas de roubar US$ 187 milhões de seus doadores e desviar a quantia para gastos pessoais. A FTC (Comissão Federal de Comércio dos EUA) apresentou nesta terça-feira (19/05) uma ação conjunta contra as ONGS, representando um dos maiores casos de fraude feita por instituições de caridade “de fachada” da história do país.
De acordo com a acusação, as organizações não realizaram os serviços prometidos aos doadores e o dinheiro arrecadado foi gasto em “luxos pessoais”, como cruzeiros no Caribe, viagens para a Disney World e entradas em shows.
Julen/Flickr/CC
Doações eram feitas por telefone, internet e correio; apenas 3% do arrecadado foi gasto no combate ao câncer
O processo, apresentado em um tribunal do Arizona, acusa a Câncer Fund of America, a Children's Câncer Fund of America, a Câncer Support Services e a The Breast Câncer Society de serem organizações fraudulentas que roubaram clientes desprevenidos entre 2008 e 2012, informou a procuradoria de Nova York em comunicado.
Duas das organizações envolvidas e três indivíduos que as dirigem aceitaram as bases do acordo prévio proposto pela promotoria, que inclui indenizações de US$ 137 milhões, o fechamento das entidades e que seus líderes não possam voltar a trabalhar para organizações não governamentais.
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O processo argumentou que o caso é uma “fraude maciça e nacional”, já que os acusados gastaram em benefício próprio a maior parte das doações que receberam, enganando os doadores com um plano de contabilidade que incluía o envio de remédios e outros bens a países em desenvolvimento.
A denúncia especifica que as quatro organizações definiram a si mesmas como “organizações beneficentes legítimas” por meio de ligações telefônicas, solicitações diretas por correio, em seu site e em outros meios.
As empresas inclusive descreveram os programas específicos que os doadores estariam apoiando, como medicação para crianças com câncer, transporte de pacientes à quimioterapia e o financiamento de um centro de cuidados paliativos para pacientes em estágio final de câncer — nenhuma das empresas envolvidas, entretanto, chegou a realizar as iniciativas propagandeadas. Somente 3% do arrecadado, informa a promotoria, foi utilizado para os propósitos corretos.
“O câncer é uma doença que afeta milhões de americanos a cada ano. A atroz argúcia dos envolvidos privou as legítimas organizações contra o câncer e os pacientes de milhões em doações”, alegou a diretora do Escritório de Proteção ao Usuário do FTC, Jessica Rich.
A nota assinalou que 85% das doações foram para arrecadadores profissionais, e o resto foi destinado aos salários dos dirigentes, que contrataram amigos e familiares para ajudar a simular as operações.
* Com informações da Agência Efe