O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, alertou que a possibilidade de guerra civil na Costa do Marfim é um “risco real” após as eleições presidenciais em que o candidato derrotado, o presidente Laurent Gbagbo, de declarou vitorioso e se recusou a abdicar do poder.
Ban disse que Gbagbo está tentando expulsar ilegalmente a força de paz da ONU, formada por mais de 10 mil homens, após a organização ter reconhecido o opositor Alassane Ouattara como presidente eleito no dia 28 de novembro.
Efe
Soldados das tropas de paz da ONU patrulham a cidade de Abdijan, capital da Costa do Marfim
Ontem (21/12), Gbagbo fez um pronunciamento em cadeia nacional e pediu a criação de um comitê internacional para avaliar a crise pós-eleitoral da Costa do Marfim, mas não aceitou deixar o poder e reafirmou que saiu vitorioso das urnas. Ele também insistiu para que as forças da Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (Onuci, na sigla em francês) e os militares franceses que as apoiam deixem o país.
Um aliado de Gbagbo afirmou que os membros das forças da ONU serão tratados como rebeldes se não deixarem o país, informou a BBC Brasil.
O secretário-geral da ONU advertiu que forças leais a Gbagbo estão obstruindo as operações da Unoci e bloquearam os 800 soldados da ONU destacados para proteger Ouattara. “Estou preocupado que essa interrupção dos suprimentos para a missão (da ONU) e ao Golf Hotel [onde está o político opositor] colocará nossas forças de paz em uma situação crítica nos próximos dias”, disse.
“Por isso eu faço um forte apelo aos Estados membros que estão em uma posição para fazê-lo para que apoiem a missão”, afirmou. “Ao enfrentar esse desafio direto e inaceitável à legitimidade das Nações Unidas, a comunidade internacional não pode ficar parada”, acrescentou.
Os Estados Unidos também declararam apoio a Ouattara e estabeleceram nesta terça-feira sanções sobre Gbagbo e cerca de 30 pessoas ligadas a ele, seguindo a posição adotada pela União Europeia na segunda-feira.
Leia mais:
Costa do Marfim pede saída de tropas da ONU, que prometem cumprir mandato
Militares fecham fronteiras da Costa do Marfim após resultado de eleições
Costa do Marfim realiza no domingo 2º turno de eleições em clima de tensão
Costa do Marfim terá toque de recolher depois do segundo turno das eleições
Guerra
No começo de dezembro, a CEI (Comissão Eleitoral Independente) declarou Ouattara vencedor do segundo turno presidencial com 54,1% dos votos válidos, contra 45,9% de Gbagbo. Entretanto, após o presidente e seus simpatizantes terem afirmado que houve fraude na votação, o Conselho Constitucional alterou o resultado e anunciou que Gbagbo foi o vencedor, com 51% dos votos.
O atual presidente, que tem o apoio das forças armadas, está no cargo desde 2000. Seu atual mandato expirou em 2005, mas a eleição presidencial vinha sendo adiada desde então sob o argumento de que não havia segurança para sua realização.
A Costa do Marfim, maior produtor de cacau do mundo, deixou de atrair recursos e investimentos depois da tentativa de golpe de estado em 2002, que precedeu uma guerra civil de dois anos. A eleição, adiada cinco vezes desde 2005, era esperada como uma chance de abrir novas possibilidades para o país. Mas pode acabar em novo conflito armado.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL