A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou nesta segunda-feira (23/08) sobre a possibilidade do Afeganistão ter escassez de alimentos em setembro, uma vez que equipamentos cirúrgicos e kits de desnutrição severa ficaram presos com a restrição de entrada e saída no aeroporto de Cabul.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU, que leva suprimentos por meio terrestre, também afirmou que poderia ficar sem alimentos no próximo mês. “O inverno está chegando. Estamos entrando na temporada de vacas magras e muitas estradas afegãs ficarão cobertas de neve. Precisamos colocar os alimentos em nossos depósitos, onde precisam ser distribuídos”, disse o vice-diretor do programa Andrew Patterson para o jornal britânico The Guardian.
Ele explicou que a agência precisa de mais US$ 200 milhões em financiamento para que as mais de 50 mil toneladas de alimentos sejam levadas ao povo afegão por meio de corredores humanitários, no Uzbequistão, Paquistão e no Turcomenistão.
De acordo com Patterson, essa quantidade de comida seria capaz de alimentar até 20 milhões de pessoas, sendo que, segundo ele, metade da população – cerca de 18,5 milhões de pessoas – já dependem de ajuda.
Também ao Guardian, o diretor de emergência da OMS na região, Richard Brennan, disse que, “enquanto os olhos do mundo agora estão nas pessoas que estão sendo evacuadas”, é necessário “obter suprimentos para ajudar aqueles que ficam para trás”.
A situação critica no Afeganistão não é de hoje. No início de 2021, ⅓ da população do país enfrentava crises e insegurança alimentar, e metade da população de crianças com menos de cinco anos estava desnutrida.
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Restrições para transitar pelo país agrava problema da fome
O país passava por necessidade humanitária e já sofria com a seca. Cerca de 40% das safras do Afeganistão foram perdidas na seca este ano, segundo o programa da ONU, com aumento dos preços, cenário agravado pela covid-19.
Joe Biden vai debater retirada das tropas no G7
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, debaterá nesta terça-feira (24/08) com os líderes do G7 o prazo de retirada das tropas militares do Afeganistão, informou o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan.
A pauta será incluída na reunião virtual entre os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Japão, Itália, União Europeia e Reino Unido, que detém a presidência do grupo, após o grupo fundamentalista islâmico Talibã ameaçar reagir se os governos norte-americano e britânico prorrogarem o prazo para concluir a evacuação.
Durante coletiva na Casa Branca nesta segunda-feira (23/08), Sullivan afirmou que a data para a evacuação dos norte-americanos de Cabul ainda está em discussão. No entanto, a administração democrata tem condições de retirar todos os seus cidadãos que desejam deixar o Afeganistão até o dia 31 de agosto, prazo estipulado para a conclusão da retirada.
“Nos dias que faltam, acreditamos ter os meios para evacuar os cidadãos norte-americanos que desejam deixar Cabul”, afirmou o assessor, enfatizando que acredita que já houve um “enorme progresso na retirada do Afeganistão”.
Por fim, Sullivan explicou que o governo está em contato diário com o Talibã e disse que apenas nas últimas 24 horas houve 28 voos militares norte-americanos para retirar pessoas. No total, os Estados Unidos já evacuaram mais de 16 mil pessoas.
(*) Com Ansa.