O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas condenou
nesta sexta-feira (10/08) um ataque no Iêmen, ocorrido na quinta (09/08), na
qual pelo menos 40 pessoas morreram e 60 ficaram feridas. Mais da metade dos
mortos era composta de crianças, e a maioria com menos de 15 anos.
Segundo a porta-voz da ONU, Liz Throssell, as crianças
estavam todas num ônibus, que foi atacado pelo bombardeio da coalizão liderada
pela Arábia Saudita contra os houthis no Iêmen.
Throssell pediu a todas as partes do conflito que realizem
uma investigação e levem os responsáveis à justiça. O Escritório de Direitos
Humanos pediu a todos que respeitem suas obrigações sob a lei humanitária
internacional, o que inclui o respeito aos princípios de proporcionalidade e
precaução. Com isso, se minimiza o impacto da violência a civis.
Ela lembrou que as mortes desta quinta-feira ocorrem dias
após três ofensivas à cidade de Hodeida, que abriga o principal porto de
entrada no Iêmen. O Escritório de Direitos Humanos documentou pelo menos 41
mortes de civis, incluindo seis crianças.
Pescadores e
vendedores ambulantes
Hodeida, que é controlada pelos houthis, foi atacada com
morteiros lançados em diferentes partes do distrito de Al Hawak, incluindo o
porto que estava no momento repleto de pescadores e vendedores
ambulantes.
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Arábia Saudita tem realizado ataques em Saada ao menos desde 2017 (Foto: OCHA/Philippe Kropf)
O ataque foi condenado também pela chefe do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Henrietta Foreman. Ela afirmou que estava horrorizada com a ofensiva que matou e feriu crianças inocentes, muitas carregando uma mochila escolar.
‘Tragédia ultrajante’
Ainda na quinta-feira, o representante especial do secretário-geral no Iêmen, Martin Griffiths, se disse chocado com o que chamou de “tragédia ultrajante” que tirou tantas vidas inocentes incluindo crianças menores de 15 anos de idade.
Ele disse que o ataque deve levar todos a aumentarem seus esforços para acabar com o conflito através de um diálogo interno dos iemenitas. Griffiths espera que todos se reúnam em setembro, em Genebra, para participar de forma construtiva do processo político.
Desde o fim de março de 2015, mais de 6,5 mil pessoas morreram e quase 10,5 mil ficaram feridas no conflito no Iêmen. A maioria das mortes e ferimentos ocorreu por ataques aéreos realizados pela coalizão liderada pela Arábia Saudita.