A ONU (Organização das Nações Unidas) confirmou nesta segunda-feira (25/11) que a conferência de paz para a Síria, conhecida como Genebra-2, será realizada em 22 de janeiro de 2014.
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A reunião, que desde junho foi adiada várias vezes, é considerada o único fórum no qual o governo e oposição sírios podem manter negociações para chegar a um acordo político que ponha um fim ao conflito no país árabe, iniciado durante a Primavera Árabe, em março de 2011, e que se transformou em uma guerra civil. Foram registrados 120 mil mortos no últimos 31 meses e nove milhões de pessoas desalojadas.
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A conferência “levará o governo sírio e à oposição à mesa de negociações pela primeira vez desde que começou o conflito”, declarou a ONU ao comunicar a data do evento.
O anúncio coincide com a reunião de hoje em Genebra entre o mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, e altos representantes da diplomacia dos Estados Unidos e Rússia, que se encontrarão pela quarta vez para avançar os preparativos.
Os temas que mais dificultaram a realização da conferência de paz foram a elaboração da lista de países convidados e a eventual presença do Irã – principal aliado do regime do presidente sírio, Bashar al Assad –, assim como garantir que a oposição fosse representada por uma delegação.
Este último obstáculo foi sendo removido pouco a pouco mediante um discreto desdobramento diplomático e reuniões mantidas em segredo por representantes de distintas facções opositoras sírias com funcionários de Washington e Moscou.
A subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos Estados Unidos, Wendy Sherman, que representa seu país na reunião preparatória de hoje, se reuniu ontem à noite em Genebra com membros da CNFROS (Coalizão Nacional Síria), segundo fontes diplomáticas próximas ao processo.
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Os delegados opositores devem se reunir amanhã com representantes russos nesta cidade.
“Iremos a Genebra com a missão da esperança. A convenção de Genebra é o veículo para uma transição pacífica que responda às legítimas aspirações de todo o povo sírio, de paz e dignidade”, disse por meio um comunicado o porta-voz do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
A CNFROS, principal aliança opositora, aceitou a data estabelecida pela ONU.
O dirigente Monzer Akbik, afirmou que a data é “razoável para dar mais tempo de preparar a reunião, reunir informações e documentação e fazer contatos”.
Akbik disse que a data foi decidida com o acordo das partes e acrescentou que nos últimos dias membros de seu agrupamento se entrevistaram separadamente na cidade suíça com os representantes da ONU, Washington e Moscou.
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Mesmo assim, Akbik advertiu que a CNFROS mantém as mesmas condições para comparecer à reunião, como que sejam abertos, antes da realização do encontro, corredores humanitários para que possa chegar ajuda à população civil mais afetada.
Além disso, a Coalizão exige que a chamada convenção de Genebra 2 suponha a transferência do poder, incluindo a presidência, a uma autoridade civil transitória na qual não tenha cabimento “nem a Assad nem seus ajudantes”.
“Em suma, o que queremos é que se cumpra o estipulado em junho de 2012 na primeira convenção de Genebra”, destacou o chefe de Gabinete do presidente da CNFROS.
Nessa reunião, o Grupo de Ação para a Síria (integrado por China, Rússia, EUA, França, o Reino Unido, Turquia, a Liga Árabe, a ONU e a UE) apresentou uma iniciativa para a solução política, que sugeria a criação de um governo transitório que incluísse representantes do regime sírio e da oposição.