A Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou uma “debilidade” para enfrentar de “forma coordenada” a crise sanitária global em decorrência da pandemia da covid-19. É o que defendem pesquisadores de institutos que juntos elaboraram “Um plano para salvar o planeta“.
O documento, redigido como um conjunto de propostas que pretendem “mudar o caminho” pelo qual o sistema capitalista mundial leva a sociedade, é defendido como um “instrumento de luta” contra o “imperialismo, o colonialismo e o capitalismo”.
“O caráter multidimensional e existencial das crises que a humanidade e a vida no planeta enfrentam nos obriga a construir e fortalecer todos os espaços de encontro possíveis para que, de maneira coletiva, construamos um horizonte comum, interseccional e inclusivo, que nos permita recuperar a iniciativa social e política”, afirmam.
Divulgado e publicado por iniciativa da Secretaria Executiva da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) junto com o Instituto Simón Bolívar para a Paz e a Solidariedade entre os Povos e o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, o plano parte de uma perspectiva “centrada nos povos”, buscando evitar abordagens de instituições que, segundo os pesquisadores, visam o lucro.
Para eles, o efeito do novo coronavírus no mundo pôde ser sentido em diversos setores da população, acentuando as desigualdades no mundo e se tornando uma ameaça à estabilidade social.
“Muitas partes do mundo ruíram diante da covid-19, enquanto a concretude das mudanças climáticas nos apresentou a realidade de que várias espécies de plantas e animais foram e estão sendo extintas. Entre a aniquilação e a extinção está o destino do planeta”, defendem os pesquisadores.
Yoav Aziz/ Unsplash
Para pesquisadores, a pandemia da covid-19 ‘empurrou’ milhões de pessoas ‘para a pobreza absoluta’
O documento é assinado por pesquisadores de diversos institutos de pesquisa, como o equatoriano América Latina en Movimiento (ALAI), Centro para Pesquisas no Congo, Centro de Investigações de Política Internacional (CIPI) de Cuba, e organizações de outros países como Líbano, Itália, Reino Unido e Índia.
A ideia dos pesquisadores e dos institutos que elaboraram o documento é que a iniciativa seja um texto preliminar para outros documentos e estudos que serão publicados nessa mesma perspectiva.
“Estima-se que centenas de milhões de pessoas serão empurradas para a pobreza absoluta pelo impacto da pandemia de covid-19. […] Um programa de emergência global deve ser realizado para prevenir esse resultado. É crucial que os países deixem de lado as estreitas preocupações nacionalistas e se engajem em uma resposta comum e cooperativa a esta crise”, declara o dossiê.
Para isso, os estudiosos e as redes de instituições de pesquisa apresentam 12 temas principais para avançar em uma “nova ordem mundial”. Tais aspectos permeiam assunto de democracia e ordem mundial, meio ambiente, habitação até mundo digital, mulheres e população LGBTQ+.
O documento ainda conta com textos assinados pelo secretário-executivo da Alba, Sasha Lorenti, pelo presidente do Instituto Simón Bolívar, Carlos Ron, e pelo historiador e diretor do Instituto Tricontinental, Vijay Prashad.