A ONU prevê estabelecer uma missão de paz no Mali em dois ou três meses, o que permitirá localizar na região os capacetes azuis que darão apoio às tropas africanas e francesas que lutam contra o “terrorismo residual” que age no norte do país africano. Foi o que explicou nesta quinta-feira (04/04) o representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a África Ocidental, Said Djinnit, em visita a Las Palmas de Gran Canaria (as Ilhas Canárias).
Ao ser perguntado sobre os planos de atuação da ONU na crise institucional e territorial que afeta o Mali, Djinnit afirmou que as Nações Unidas apoiam as missões africanas que trabalham com as tropas francesas enviadas ao país da África Ocidental.
Nessa república africana, em 22 de março de 2012, um grupo de militares liderados pelo capitão Amadou Haja Sanogo depôs o presidente Amadou Tumani Touré, que havia sido eleito democraticamente.
Além disso, o representante da ONU informou que o Conselho de Segurança da ONU estuda um relatório que prevê o estabelecimento de uma força de paz no Mali, o que implicará estabelecer, em uma região segura, um contingente de capacetes azuis, apesar de que se prevê manter no norte do país um dispositivo que lute contra o “terrorismo residual”.
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A lacuna de poder que se seguiu ao levante do Mali foi aproveitada por vários grupos rebeldes, independentistas tuaregues e radicais islâmicos, para tomar o controle do norte do país, uma região de 850 mil quilômetros quadrados.
O representante da ONU para África Ocidental destacou, em relação a essa missão de paz, que “faltam três ou quatro meses para que tudo comece”.
Said Djinnit explicou que as ameaças à segurança nos países da África Ocidental são internas e também internacionais.
Sobre as internas, relacionou à instabilidade política e aos processos de construção democrática e de Estados de direito que se viram cerceados após os cinco golpes de estado registrados na região desde 2008, além dos conflitos que costumam provocar as convocações de eleições.
No entanto, considerou que Senegal, Gana e Serra Leoa são exemplos de transições pacíficas e democráticas a seguir, casos de sucesso que não aconteceram em outros países como Togo, Guiné e Mauritânia, onde esses processos foram permeados pela instabilidade.
Djinnit fez um apelo à responsabilidade da população e à necessidade de promover a cooperação regional para encarar estas as situações de instabilidade política interna e as ameaças externas, desde o convencimento que a cultura democrática contribui para evitar “banhos de sangue”, como se viu no Senegal.
Sobre as ameaças transnacionais à segurança em África Ocidental, Said Djinnit se referiu ao crime organizado e ao narcotráfico entre América Latina e Europa, que encontra na região “fronteiras porosas” e “uma zona privilegiada” para operar.