Agência Efe (03/10/12)
Foto concedida pela agência estatal síria Sana mostra destroços de edifícios atingidos pelas explosões
Forças da oposição síria bombardearam nesta quarta-feira (03/10) áreas controladas pelo governo de Bashar al Assad em mais uma batalha pelo domínio de Aleppo. As explosões deixaram pelo menos 48 pessoas mortas e dezenas de feridos, segundo informações do Observatório Sírio de Direitos Humanos.
O bombardeio vem apenas um dia depois de notícias indicando que o presidente sírio estava em Aleppo.
Os ataques, que aconteceram com a diferença de poucos minutos, atingiram o bairro mais importante da cidade por concentrar o centro financeiro e estatal, onde muitas tropas pró-governo estavam localizadas. Relatos indicam que houve explosões nas proximidades de um hotel e de um escritório militar, informou a rede Al Jazeera.
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A oposição síria comunicou por meio do Observatório Sírio de Direitos Humanos que a maior parte das vítimas faz parte das forças de Assad e que ao menos cem estão feridos. O governo, no entanto, afirmou que o bombardeio apenas atingiu civis e que 31 foram mortos, informou a agência estatal Sana.
Agência Efe (03/10/12)
Foto concedida pela agência estatal síria Sana mostra um dos principais bairros de Alepo atingidos nas explosões
Não está claro se as explosões foram causadas por atentados suicidas, carros-bombas ou explosivos plantados nas ruas e edifícios. Em comunicado citado pela Al Jazeera, o Observatório disse que oficiais pró-Assad entraram em confronto com militantes depois do bombardeio.
Enquanto membros da oposição síria reiteram que os ataques tinham como alvo apenas forças governamentais, jornais internacionais começaram a relatar críticas de sua ação.
Um ativista do grupo de assistência médica AS (Anônimos Síria na sigla em inglês) disse ao jornal britânico Guardian que o Exército Livre da Síria, o principal grupo armado da oposição, está perdendo o apoio da população de Alepo. Segundo ele, que preferiu não divulgar sua identidade, algumas pessoas não estão aceitando “os danos colaterais”, isto é, a morte de civis.
“O Exército Livre da Síria está perdendo o apoio em Alepo porque sua estratégia não é boa. Eles deveriam estar protegendo os civis, mas agora, eles estão entrando em bairros residenciais”, disse o ativista citado pelo Guardian. Desde a semana passada, os grupos da oposição iniciaram uma investida militar por meio de explosões nas principais frentes de luta.
Agência Efe (03/10/12)
Foto concedida pela agência estatal síria, Sana, mostra os destroços de edifícios danificados nas explosões em Alepo
Não é a primeira operação contra edifícios do governo de Assad que as forças da oposição realizam. No dia 18 de julho deste ano, um ataque à sede da Segurança Nacional matou funcionários do alto-escalão do regime, incluindo os ministros de Defesa e do Interior e o cunhado de Assad.
Explosões estão se tornando cada vez mais uma prática da oposição em sua luta contra o presidente sírio para atingir postos ou edifícios militares em Damasco, capital do país, e Alepo, centro financeiro. Um destes ataques foi responsável por matar no último final de semana um líder do Hezbollah que se encontrava na Síria.
Ali Hussein Nassif foi morto por uma bomba plantada na estrada, confirmou sua organização nesta quarta-feira (03/10) citada pelo Guardian. O corpo do libanês já foi enterrado em sua vila natal. Sua morte proporciona mais um indício de que grupos militantes de aliados estrangeiros, como Líbano e Irã, estão ajudando forças pró-Assad.
No dia 26 de setembro, a sede do comando das Forças Armadas do país (Hay’at al Arkan em sírio) no centro de Damasco, capital do país, foi atingida por duas explosões. No dia anterior (25/09), bombas atingiram uma escola que era utilizada por militares e milícias pró-Assad na capital síria.
Na Síria, forças da oposição lutam para derrubar o governo de Assad. Os protestos tiveram início há 18 meses com manifestações pacíficas, mas a resistência se recrudesceu com o aumento da repressão. Os grupos rebeldes recebem ajuda financeira e militar de países árabes (Arábia Saudita, Catar e Turquia) e já conseguiram dominar regiões do país.
Segundo informações das Nações Unidas, mais de 20 mil pessoas foram mortas em decorrência do conflito e 220 mil fugiram do país.