(atualizada às 18h22)
Políticos da base governista e membros da oposição no Equador, inclusive o ex-presidente do país Lucio Gutiérrez (2003-2005), pediram que o parlamento seja dissolvido e que as eleições presidenciais sejam antecipadas para solucionar a crise política desatada no país nesta quinta-feira (30/9), depois que uma rebelião de policiais gerou especulações de tentativa de golpe de Estado.
“Acredito que o fim da tirania de Correa está próximo”, afirmou Gutiérrez, em entrevista por telefone à agência de notícias espanhola EFE. Para Gutiérrez, “o Socialismo do Século XXI que o presidente tenta empreender é insustentável no tempo”.
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Lucio Gutiérrez governou o país entre janeiro de 2003 e abril de 2005,
quando foi derrubado por manifestações populares. De Brasília, onde está, afirmou que a
solução para a crise é convocar uma morte cruzada, dissolvendo o
parlamento e convocando as eleições antecipadas.
Entre setores mais à esquerda do governo, porém, a avaliação é de que os distúrbios de hoje partiram de um descontentamento popular legítimo. Lideranças partidárias equatorianas ouvidas pelo Opera Mundi, tanto entre os governistas quanto na oposição, também defendem a dissolução do parlamento como uma solução para a crise, embora não acreditem na hipótese de tentativa de golpe de Estado.
Para o professor Luís Villacis Maldonado, dirigente do partido minoritário MPD (Movimento Popular Democrático), de oposição à esquerda, os distúrbios de hoje são uma “revolta de setores populares” contra o governo que, segundo ele, agiu de forma “prepotente” ao promover a nova legislação sobre o funcionalismo público.
“Não há tentativa de golpe. O que há é uma revolta de setores populares contra os desmandos e a atitude ditatorial por parte desse governo ao mudar benefícios trabalhistas. O que está acontecendo é um protesto exigindo que o governo tome um rumo e que o presidente reconheça que foi derrotado politicamente”, afirma.
Já um dirigente do Partido Socialista (integrante da base de apoio a Correa, mas com apenas um assento no congresso) que não quis se identificar, criticou o próprio Rafael Correa pela desestabilização, por “mexer nos direitos dos trabalhadores”. Mas, embora tenha se mostrado cético quanto à possibilidade de golpe, também disse recear que a oposição faça uso político do descontentamento de policiais e servidores.
Ambos, no entanto, disseram que apoiariam a dissolução conjunta das duas casas do congresso e convocação antecipada de eleições, medida prevista no artigo 148 da constituição equatoriana e conhecida no país como “morte cruzada”.
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