Atualizada às 15:05
O Comitê de Negociações (HNC, na sigla em inglês) da oposição síria concordou neste sábado (30/01) em participar dos diálogos para a paz no país que estão sendo promovidos pela ONU e que começaram ontem em Genebra, na Suíça.
O grupo anunciou que está viajando para o país europeu a partir de Riad, na Arábia Saudita, onde estavam reunidos para decidir se se juntavam ou não às negociações, que incluem também representantes do governo Bashar al Assad, através do embaixador da Síria na ONU, Bashar Jaafari, além dos mediadores das Nações Unidas, liderados pelo enviado da organização para a Síria, Staffan de Mistura, representantes de países como a Rússia e o Reino Unido, e ativistas de organizações não governamentais que vão representar os civis afetados pela guerra.
Agência Efe
Manifestantes se reuniram neste sábado diante de hotel em Genebra para protestar contra a guerra na Síria
O grupo de 17 pessoas, que inclui líderes de facções insurgentes sírias, deve chegar a Genebra no fim do dia, segundo informaram ao site Al Jazeera. Eles disseram que vão avaliar as intenções do governo de Bashar al Assad em implementar medidas humanitárias, como o fim dos ataques aéreos e do cerco a cidades dominadas pela oposição, que permitam o avanço do diálogo.
Segundo Farah Atassi, membro do comitê da oposição, a delegação ainda não pretende negociar com o governo sírio, mas sim conversar com oficiais da ONU para conseguir garantias de que suas exigências serão atendidas.
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“Sim, nós iremos para Genebra, mas não participaremos das negociações a não ser que o regime [de Assad] cumpra nossas demandas humanitárias, que especificam como condição o fim dos bombardeios aéreos e da inanição de civis em áreas cercadas [pelo governo]”, afirmou Monzer Makhous, porta-voz do comitê.
“Recebemos garantias de que estes pontos serão discutidos, além da transição política do poder. Não aceitaremos nada a não ser que estas demandas sejam atendidas”, garantiu Makhous.
O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Gennady Gatilov, enviado do país, afirmou que as negociações devem contar a princípio somente com conversas através dos mediadores, que se reunirão separadamente com as delegações do governo e da oposição.
Os diálogos de paz que começaram ontem em Genebra são a segunda rodada de conversas para o fim do conflito sírio após o fracasso das negociações em 2014. Os encontros são parte de um plano de 18 meses estabelecido em uma resolução da ONU em dezembro do ano passado que prevê a transição política no país, incluindo a realização de eleições e a criação de uma nova Constituição, neste período.
Mais de 250 mil pessoas morreram e mais de 2 milhões de pessoas fugiram da Síria desde o início da guerra civil entre milícias de oposição e forças do governo de Bashar al Assad. A intensificação do conflito fez com que milhares de refugiados sírios abandonassem o país e tentassem entrar na Europa atravessando o mar Egeu entre a Turquia e Grécia ao longo do último ano.
Agência Efe
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, durante reunião com a delegação do governo sírio nesta sexta
Madaya
Pelo menos 18 civis morreram pela falta de alimentos e remédios nos últimos 20 dias na cidade de Madaya, no oeste da Síria, sitiada pelas forças do regime do presidente do país, Bashar al Assad, apesar da chegada de ajuda humanitária no dia 11 de janeiro, informou neste sábado o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
O Observatório Sírio elevou, dessa forma, o número de mortos divulgado ontem pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF), que denunciou a morte de 16 pessoas por fome na cidade.
Entre as vítimas há dois menores de idade e quatro mulheres, conforme o Observatório, que acrescentou que ainda há 400 pessoas que esperam deixar Madaya devido as suas condições de saúde.
De acordo com a MSF, há 320 doentes por desnutrição em Madaya, entre eles 33 em estado grave. A cidade é alvo de uma ofensiva do regime sírio e do grupo xiita libanês Hezbollah, aliado de Assad, desde julho de 2015.
No início de janeiro deste ano, três caravanas, organizadas pela ONU, do Crescente Vermelho Sírio e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, entraram em Madaya para distribuir ajuda humanitária.
*Com Agência Efe