Um dia após uma enfermeira norte-americana ter sido confirmada como o primeiro caso de contração do vírus ebola dentro dos EUA, uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (13/10) revela que 85% dos profissionais de saúde do país não receberam nenhum tipo de treinamento dos hospitais sobre como lidar com o surto da doença.
Diante do cenário, as autoridades dos EUA tentam contabilizar quantos profissionais de saúde podem ter tido exposição similar ao vírus. Ainda não está claro como a enfermeira do Hospital Presbiteriano de Dallas contraiu a doença, afirmou hoje o diretor do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Enfermidades dos EUA), Thomas Frieden.
Agência Efe
Profissionais espanholas recebem treinamento para enfrentar possíveis casos de ebola
Feita com 2 mil enfermeiros e enfermeiras em 46 estados norte-americanos, a pesquisa divulgada hoje pelo maior sindicato de profissionais da saúde dos EUA indica outros elementos de outros problemas nos protocolos establecidos para lidar com o surto. Entre os entrevistados, 76% afirmam que não chegaram a receber nenhum tipo de orientação ou menção, por meio de comunicado oficial, estabelecendo protocolos para lidar com o vírus e tratar os pacientes em casos de suspeita.
Enfermeiras com ebola
Após a confirmação do caso da enfermeira em Dallas, autoridades chegaram a afirmar que ela teria quebrado o protocolo previsto e por isso era responsável pelo contágio. Após a declaração, foi feito hoje um pedido públicos de desculpa. O diretor do CDC disse que “ela é uma pessoa muito valente que se colocou em perigo pelo bem da sociedade e agora está doente (…) lamento que tenha dado a impressão de que culpava a enfermeira por não ter cumprido o protocolo”.
Situação semelhante foi vivenciada pela auxiliar de enfermagem espanhola, Teresa Romero. Na quarta-feira (15/10), dois dias após a confirmação de que ela havia sido contagiada, o conselheiro de Saúde da Comunidade de Madri, Javier Rodríguez, disse que ela “poderia estar mentindo” sobre a febre que teve dias antes da hospitalização. Ele também insinuou que a profissional não saberia utilizar o equipamento de proteção. Neste caso, ainda não houve pedido de desculpas.
Agência Efe
Profissionais espanhóis protestam contra “caos e improvisação” na implantação dos protocolos para tratar pessoas com ebola
Hoje, o professor Luis Enjuanes, membro do comitê criado para o acompanhamento do surto deste vírus disse à agência Efe que Teresa está gerando anticorpos e a carga viral no corpo dela diminuiu. De acordo com o especialista, a paciente gerou por si própria anticorpos contra o vírus. A paciente recebeu dois tratamentos. Um de anticorpos produzidos a partir do plasma de um doador e um antiviral. Infectada quando atendia o missionário espanhol Manuel García Viejo, que morreu pouco depois em consequência do ebola, Teresa “não perdeu as faculdades mentais em nenhum momento”, segundo Enjuanes.
230 profissionais de saúde mortos
O risco de que trabalhadores de saúde sejam infectados pelo vírus é alto. Mais de 230 profissionais já morreram após contrair a doença, a maior parte deles em países africanos que enfrentam o surto da doença, segundo dados do site Rospotrebnadzor, a agência federal russa de controle sanitário.
Por essa razão, o governo norte-americano afirmou ser possível que mais profissionais do país contraiam a doença, como afirmou Frieden, que lidera os esforços nos EUA para conter o vírus.
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Na Libéria, onde 95 profissionais já morreram, médicos, enfermeiros e auxiliares ameaçam entrar em greve nesta terça-feira (14/10) por melhores salários.
As autoridades médicas do país fizeram um apelo para que as atividades não sejam paralisadas, uma vez que o surto no país segue fora de controle e já matou mais de 2,3 mil pessoas. A Libéria é o país mais afetado pela epidemia que já matou mais de 4 mil pessoas na África Ocidental.
De acordo com a emissora britânica BBC, atualmente os profissionais liberianos recebem menos de US$ 500 (R$ 1.195) como adicional de risco por mês, além do salário-base entre US$ 200 e US$ 300. A categoria exige que o adicional seja reajustado para US$ 700 mensais.