A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assinar o decreto que estabelece as sanções ao Irã, fixadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, não afetou as relações com o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad. O embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, em entrevista à Agência Brasil, disse que os iranianos compreendem a tradição brasileira de seguir as regras aprovadas por organismos internacionais.
“O presidente Lula e o ministro Amorim [Celso Amorim, das Relações Exteriores] comentaram que o Brasil sempre segue as regras internacionais, mas não concorda com as sanções unilaterais. Respeitamos a decisão do presidente Lula”, afirmou o embaixador. “Isso não afeta nem terá impacto algum nas relações [políticas, diplomáticas e econômicas] do Brasil com o Irã”, acrescentou.
Terça-feira (10/8), logo após o presidente assinar o decreto, Celso Amorim disse que Lula assinou “contrariado” o documento. “O Brasil faz isso contrariado porque votamos contra esta resolução”.
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O chanceler disse ainda que “o presidente Lula assinou o decreto porque tem a tradição de cumprir com as resoluções do Conselho de Segurança, mesmo quando não concorde com elas, por ser fiel ao multilateralismo e por ser contra decisões unilaterais”.
Em 9 de junho, 12 integrantes do Conselho de Segurança da ONU aprovaram as sanções que atingem diretamente as áreas comercial e militar do Irã. Apenas o Brasil e a Turquia votaram contra as restrições. O Líbano se absteve. Para o embaixador iraniano, o voto contário do Brasil é que deve ser lembrando neste processo de punição. “O Brasil votou contra as sanções no Conselho de Segurança da ONU. Isso é o mais importante”, disse ele.
Para a comunidade internacional, as sanções devem constranger e pressionar o governo Ahmadinejad a suspender o desenvolvimento do programa nuclear iraniano. Liderados pelos Estados Unidos, os países que apoiam as restrições, acreditam que os iranianos produzem secretamente armas atômicas. Ahmadinejad e outras autoridades do Irã, porém, negam as suspeitas.
Economia
Paralelamente, o governo Ahmadinejad rebate as informações de que as restrições afetam negativamente a economia iraniana. O embaixador Shaterzadeh disse que há “estatísticas oficiais” do Irã mostrando que houve crescimento no comércio do país com os vizinhos e até mesmo com o Brasil. Segundo o diplomata, há uma reação dos empresários e da própria população às restrições e um esforço coletivo para evitar o impacto delas de forma negativa.
“[As sanções acabaram] dando mais velocidade ao crescimento econômico e comercial iranianos”, disse o embaixador. “Houve mais de US$ 70 bilhões assinados em contratos para executar várias obras no país, isso logo após a aprovação das sanções pelo Conselho de Segurança. São contratos nas áreas de petróleo, petroquímica, térmica e energia química”.
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