A China comemorou, e muito, a vitória do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. O gigante asiático vê na escolha carioca uma oportunidade para investimentos e uma demanda que pode ser suprida especialmente por eles, que têm capacidade de financiamento de grandes projetos e experiência na área, adquirida com a Olimpíada de Pequim em 2008.
Em entrevista à agência de notícias Xinhua, o embaixador da China no Brasil, Chen Duqing, ressaltou a oportunidade que o evento no Rio representa para investidores chineses, que vêem a chance exportar experiência e conhecimento.
“Diferentemente das outras cidades concorrentes [Chicago, Madri e Tóquio], o Rio de Janeiro ainda tem muito o que melhorar em suas dependências esportivas e outras infra-estruturas, o que indica uma oportunidade especial para companhias chinesas”, afirmou Chen.
Para Rodrigo Maciel, Secretário Executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, o país já vem sinalizando que deseja compartilhar esse conhecimento olímpico com o Rio de Janeiro.
“O volume de investimentos que serão realizados na cidade, em especial, investimentos em infra-estrutura, podem criar excelentes oportunidades para empresas chinesas no país que deverão competir ou até mesmo se associar às grandes construtoras brasileiras que possuem vasto know-how nessa área”, disse Maciel ao Opera Mundi.
Os custos de preparação para o evento de 2016 estão estimados em mais de 25 bilhões de reais. Para Maciel, os jogos e principalmente a descoberta dos campos de petróleo do pré-sal são uma combinação atraente para o investidor chinês.
Oportunidades
Telma Oliveira, diretora de operações para América Latina da China Consultants International, empresa de consultoria que trabalha há mais de oito anos com o mercado chinês e internacional, lembra que a atenção dos chineses está sempre voltada para as oportunidades de negócios.
“Eles estão atrás de lucratividade. Se o Brasil oferece essa possibilidade, com toda certeza, eles vão se voltar para o nosso mercado. As relações sino-brasileiras estão melhorando nos últimos anos e com os Jogos, as perspectivas se tornam ainda maiores”, diz Oliveira.
Experiência
Pequim passou por uma completa transformação para receber os jogos de 2008. Nos anos anteriores ao evento, a cidade investiu bilhões de dólares na ampliação do metrô e aeroporto, construção de estradas e parques, e ainda toda a instalação olimpíca. Fábricas poluentes foram fechadas ou transferidas para outras províncias e iniciou-se um rodízio de automóveis.
Para quem conheceu Pequim antes e depois dos jogos, como a estudante Hui Fang, a mudança foi impressionante. “Vim para Pequim estudar em 2006. Em dois anos a cidade mudou completamente. E o mais legal é que depois que acabou a festa, ficou a estrutura”, afirmou.
O Ninho de Pássaro e a vila Olímpica hoje são tão visitados quanto o Palácio do Céu ou a Praça da Paz Celestial. Viraram destino turístico obrigatório de quem vai a Pequim.
O transporte é outro exemplo do legado que os jogos deixaram à cidade. Além da ampliação do sistema de metrô, foi implementado o rodízio de carros a exemplo do que houve na época da Olimpíada. Ainda hoje, o trânsito tem grandes desafios, mas em comparação com os anos anteriores já apresenta algumas melhoras.
Mas na capital chinesa nem tudo foi cumprido à risca. Pequim prometeu a despoluição do ar e nenhuma censura à internet, medidas não cumpridas integralmente.
“Muita coisa não ficou cem por cento mesmo, mas pra quem mora aqui já há ao menos céu azul de vez em quando. Acho que a Olimpíada foi algo brilhante para os chineses”, diz Hui Fang.
NULL
NULL
NULL