Peru Livre não vai dar voto de confiança para novo gabinete de Castillo, diz partido
Em nota, sigla acusa presidente de fazer um 'giro político' após saída de Guido Bellido da chefia do Conselho de Ministros peruano
O secretário-geral do partido governista Peru Livre, Vladimir Cerrón, disse nesta quinta-feira (14/10) que a bancada da sigla decidiu não dar o voto de confiança ao novo gabinete ministerial do presidente Pedro Castillo, presidido pela advogada ambientalista Mirtha Vásquez.
Em nota publicada, a agremiação apontou motivos deliberados em assembleia extraordinária realizada na noite desta quarta-feira (13/10) pelos quais se recusam a dar o voto de confiança ao gabinete que ainda deve se apresentar ao Congresso para expor as propostas de sua gestão e solicitar o respaldo da casa legislativa.
Para o Peru Livre, com a saída de Guido Bellido da chefia do Conselho de Ministros, a nomeação de Vásquez indica um suposto “giro político” do governo Castillo e seu gabinete para o “centro-direitismo”, tendo, segundo eles, a presença de “representantes” da elite na atual gestão peruana.
“Essa composição é sustentada pela presença de partidos sem registro [na Justiça Eleitoral peruana], sustentados por ONGs norte-americanas que governaram os últimos quatro governos e agora este”, afirma a nota.
O comunicado fala ainda em recomposição da bancada do Peru Livre no Congresso e da expulsão de filiados, convocando os membros a cumprirem as conclusões apresentadas pela assembleia. “Condenamos a infiltração de informações dos assuntos internos do partido e os atentados contra a unidade partidária, sendo faltas muito graves segundo o estatuto, pelo qual se dará início a um processo disciplinar respectivo.”
ATENCIÓN: @RPPNoticias @exitosape @canalN_ @noticiAmerica @Latina_Noticias @atv_noticias @noticias_tvperu @PTV_Noticias @ucinoticias_pe pic.twitter.com/y93ww2xzCr
— BANCADA PERÚ LIBRE (@BancadaPLibre) October 14, 2021
Reprodução
Vladimir Cerrón é o atual secretário-geral e fundador do partido Peru Livre, sigla a frente do governo peruano atualmente
O ex-chefe do gabinete ministerial Bellido, que apresentou sua renúncia na última semana, respaldou a nota de seu partido e afirmou que será respeitado “todos os pontos aprovados” na assembleia, já que “os militantes são sempre orgânicos”.
Bellido permaneceu pouco mais de dois meses no cargo e vinha sendo criticado pela oposição – e por alguns aliados do governo – desde o momento de sua nomeação, acusado de misoginia e homofobia por declarações anteriores em redes sociais e por suas divergências com outros membros do Executivo.
Na carta de demissão publicada pela imprensa peruana, Bellido afirma que, “tendo cumprido todas as funções correspondentes à instituição”, estaria oferecendo sua “demissão irrevogável do cargo de presidente do Conselho de Ministros”.
No entanto, os meios de comunicação do Peru revelaram que a carta do então premiê destaca que ele apresentava sua renúncia a pedido do próprio presidente Castillo. No mesmo dia da demissão, o mandatário nomeou sete novos ministros de governo.
Para o cargo de Bellido, o presidente peruano empossou Vázquez, advogada ambientalista que já foi deputada e chegou a presidir o Congresso peruano durante a crise sucessória iniciada em novembro de 2020, após a destituição do ex-presidente Martín Vizcarra.
Na ocasião, ao anunciar as mudanças, Castillo falou em preservar a governabilidade e respeitar o equilíbrio entre os Poderes. O governo do presidente recém-eleito vem enfrentando pressões da direita e da extrema direita por mudanças nos rumos da gestão que, segundo as palavras da oposição, tornem o mandato mais “moderado”.
Em resposta, a bancada congressista do Peru Livre criticou duramente as modificações ministeriais e disse que o governo se afasta do projeto original pelo qual foi eleito.
