Agentes da Polícia Nacional do Peru impediram no último domingo (21/01) a criação de um mural na cidade de Acomayo, em Cusco, contra o indulto concedido pelo presidente do país, Pedro Pablo Kuczynski (PPK), a Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão por diversas violações de direitos humanos durante seu mandato (1990-2000).
Segundo os presentes, em um primeiro momento, a polícia tentou atrasar o ato, pedindo o DNI (equivalente ao R.G, no Brasil), dos participantes, em uma triagem que durou aproximadamente 4 horas.
O ato foi organizado pelos grupos Awqa Feminista, Ni uma menos Villarreal e Ni uma menos El Agustino. Grupos universitários como o da Universidade Nacional Mayor de San Marcos se uniram aos organizadores para a criação de frases como “o perdão é um insulto” e “Peru contra a Corrupção”.
Moradores da região já haviam dado autorização para que os manifestantes pintassem suas fechadas. No entanto, os policiais impediram o ato, sob a alegação de que o intuito era o de pintar imagens “subversivas”, com discurso de ódio e que faziam alusão ao terrorismo. Os policiais também disseram que a criação desse tipo de mural dependia da autorização do município, e não somente dos donos dos imóveis.
Com o bloqueio policial, os manifestantes desistiram de montar o mural.
Reproduçao/Twitter
Alberto Fujimori (centro) após receber o indulto e deixar o hospital
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Visita Papal
Keiko e Kenji Fujimori, membros do partido Fuerza Popular e filhos do ex-presidente, foram alguns dos líderes políticos do Peru que participaram da homenagem que PPK ofereceu ao papa Francisco na última sexta-feira (19/01), durante sua visita ao país.
Embora os dois irmãos estejam no centro de um embate entre as duas facções do partido, os filhos de Fujimori cumprimentaram-se no Pátio de Honra do Palácio do Governo para ouvir o discurso papal.
Durante seu discurso, o Papa afirmou que a corrupção vem sendo o principal inimigo do Peru. Segundo ele, a corrupção “é um fenômeno que afeta a tudo, sendo os pobres e a mãe terra os mais prejudicados. Tudo o que se puder fazer para lutar contra este flagelo social merece a maior das considerações e cooperações; e esta luta envolve a todos nós”.
Reprodução/Facebook
“O perdão é um insulto” e “Peru contra a corrupção” eram algumas das frases que seriam escritas pelos manifestantes
Embora o discurso não tenha sido direcionado, tanto PPK quanto Keiko Fujimori estiveram recentemente no centro de um escândalo de corrupção que envolveria receptação de doações e subornos da construtora brasileira Oderbrecht.
A acusação chegou ao Congresso do país, em uma votação de Impeachment que por pouco não destituiu o atual presidente. A casa precisava de 87 votos para destituí-lo, mas deu 79 votos favoráveis à cassação, 19 contra, e 22 abstenções. Dessas 22, 10 vieram do Fuerza Popular, partido do qual Kenji é líder.
Jornais peruanos chegaram a afirmar que o indulto concedido a Alberto Fujimori foi uma forma de o presidente peruano retribuir as abstenções votadas pelo Fuerza Popular, que impediram que o restante de seu mandato fosse barrado. PPK alegou que se tratava de um indulto “humanitário”.