O presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, anunciou hoje (9) em Santiago os nomes de seu futuro governo, que começa no dia 11 de março, data da posse. Piñera, que será o primeiro presidente de direita do país desde o ditador Augusto Pinochet (1973-1990), optou por um gabinete diversificado no geral, mas marcadamente conservador na área econômica.
“Estou muito contente, muito emocionado, com muitas esperanças. Tempos melhores virão para o Chile e os chilenos”, disse Piñera ao chegar ao Museu Histórico Nacional, onde ocorreu a cerimônia de anúncio.
O presidente eleito tinha mantido segredo absoluto sobre a composição do ministério até hoje. A principal surpresa do novo gabinete foi a inclusão do democrata-cristão Jaime Ravinet, ex-ministro da coalizão de centro-esquerda Concertação, derrotada na últimas eleições. Ravinet, que também já foi prefeito de Santiago, ocupará o ministério da Defesa e foi o único membro da atual aliança governista a ter aceitado o convite para integrar a equipe de Piñera.
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Com os nomes, o futuro presidente chileno procurou transmitir uma imagem de eficiência técnica. A maioria dos escolhidos é composta por engenheiros formados pela Universidade do Chile e pela Universidade Católica do Chile.
A faixa etária média do novo gabinete é de 39 anos, o que foi percebido como sinal de “modernidade”. Já a paridade de gêneros introduzida pela presidente Michelle Bachelet não foi mantida: seis mulheres formam parte da nova equipe, contra 16 homens.
Piñera quis marcar o caráter independente do seu gabinete: 13 dos 22 ministros não são militantes de nenhum dos dois principais partidos de direita que apoiaram sua campanha: Renovação Nacional (RN) e União Democrática Independente (UDI), que ganharam quatro pastas cada.
A pasta da Fazenda irá para o economista Felipe Larraín, doutor em economia pela Universidade Harvard, nos EUA, encarregado de atrair investimentos por meio de incentivos fiscais e subsídios para criar, segundo a promessa do Piñera durante a campanha, um “círculo virtuoso” de geração de emprego e demanda. Larraín, 51, é professor da Universidade Católica do Chile e amigo de longa data do presidente eleito.
O independente Juan Andrés Fontaine, mestre em economia pela Universidade de Chicago e próximo à UDI, foi nomeado ministro da Economia. A pasta será reformulada para dar prioridade às pequenas empresas, que seriam, no projeto de Piñera, a fonte do 1 milhão de empregos prometido.
Empresariado
Piñera também convocou vários empresários, provocando críticas da Concertação, que denuncia um risco de conflito de interesses. Ele nomeou como chanceler Alfredo Moreno, diretor da rede varejista Falabella, uma das maiores da América Latina. As empresas do próximo ministro das Relações Exteriores, também próximo à UDI, têm interesses nos países vizinhos, especialmente na Argentina e no Peru.
Laurence Golborne, ex-executivo-chefe do grupo empresarial Cencosud (dono das rede de supermercados e hipermercados Jumbo, presente também na Argentina, e GBarbosa, no Brasil, além de diversas lojas de material de construção e móveis no continente), será ministro de Minas.
Os colaboradores mais próximos de Piñera foram recompensados. É o caso do advogado Rodrigo Hinzpeter, considerado braço-direito do próximo presidente. Membro da RN, ele foi o chefe de campanha em 2009 e em 2006, quando Piñera perdeu para Bachelet. O economista Cristian Larroulet será o chefe de gabinete, encarregado das relações com o parlamento. E o líder direitista histórico Joaquín Lavín, candidato derrotado em 1999 e 2006 (quando dividiu o eleitorado conservador com o próprio Piñera), recebeu a pasta da Educação.
A lista completa dos futuros ministros está abaixo:
Interior: Rodrigo Hinzpeter
Relações Exteriores: Alfredo Moreno
Defesa: Jaime Ravinet
Fazenda: Felipe Larraín
Economia: Juan Andrés Fontaine
Planejamento: Felipe Kast
Justiça: Felipe Bulnes
Trabalho: Camila Merino
Saúde: Jaime Mañalich
Educação: Joaquín Lavín
Cultura: Luciano Cruz-Coke
Habitação: Magdalena Matte
Transportes: Felipe Morandé
Obras Públicas: Hernán De Solminilihac.
Bens Nacionais: Catalina Parot
Agricultura: José Antonio Galilea
Minas: Laurence Golborne
Energia: Ricardo Raineri
Meio Ambiente: María Ignacia Benítez
Serviço Nacional da Mulher: Carolina Schmidt
Secretaria da Presidência: Cristián Larroulet
Porta-Voz: Ena von Baer
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