O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou nesta terça-feira (03/03) que pedirá ao governo dos Estados Unidos que retire a ordem de extradição de guerrilheiros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), acusados de narcotráfico. O objetivo do mandatário colombiano é que o processo de paz na Colômbia, país marcado pelo conflito entre guerrilha e Exército, possa seguir avançando.
Santos ressaltou, no entanto, que o tema ainda não foi debatido em Havana, onde são realizadas as conversas entre o governo colombiano e a guerrilha, mas terá que ser abordado logo para que se chegue a um acordo para o fim do conflito que já dura mais de uma década.
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Agência Efe
Rajoy manifestou apoio ao processo de paz realizado entre o governo e as FARC
“Penso que nenhum guerrilheiro vai entregar as armas para morrer em uma prisão norte-americana”, afirmou Santos durante entrevista concedida em conjunto com o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, em Madri, ao encerrar a visita de três dias ao país.
Neste sentido, as FARC afirmaram também hoje que não aceitarão um acordo que inclua a condenação de guerrilheiros ao cárcere. “Não é possível um acordo que contemple um só dia de prisão para os guerrilheiros pelo fato de terem exercido o direito à rebelião para acabar com as injustiças que nosso povo sofreu”, afirmaram os insurgentes em comunicado divulgado em Havana.
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Com relação a esta eventual punição às FARC — que está sendo discutida no âmbito do tema das vítimas, como parte do ciclo 33 dos diálogos de paz —, o negociador Rodrigo Granda, conhecido como “Ricardo Téllez”, ressaltou que “não são os membros das FARC que gozaram de impunidade ao longo do conflito colombiano, mas sim a oligarquia, a classe política governante e as forças militares. Afirmar o contrário é um mero exercício de propaganda política, além de um insulto à inteligência de todo o povo colombiano”, sustentou.
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Exército em Havana
Também como forma de avançar no processo de paz, o governo colombiano anunciou que enviará à mesa de negociação cinco integrantes do setor de Inteligência do Exército. Realizada em Havana, a discussão busca um consenso para que se chegue ao cessar-fogo bilateral no país.
Agência Efe
Para insurgentes, deve ser reconhecido o “caráter político-militar”, sem tratamentos reducionistas no conflito
Os militares deverão chegar à ilha na quinta-feira (05/03) para se juntar aos debates.
Esta é a primeira visita do tipo e será realizada com o objetivo de que os militares ajudem a definir as regras a serem fixadas pela insurgência referentes ao cumprimente da trégua em todos os pontos geográficos combinados. A guerrilha decretou, em dezembro, um cessar-fogo unilateral e incondicional no país.
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De acordo com Santos, as FARC “nunca estiveram tão comprometidas com o processo de paz como agora”. O mandatário, cuja principal bandeira à reeleição foi o fim do conflito no país, afirmou diversas vezes que pretende concluir ainda este ano o processo de paz, iniciado em 2012.
Após o anúncio feito por Santos, o senador e ex-presidente Álvaro Uribe criticou a medida e afirmou que ao enviar os militares para Havana, o mandatário situa as Forças Armadas no mesmo nível que o “terrorismo”. “Agora, são obrigadas não a cumprir seu trabalho de dar segurança aos cidadãos, mas de serem interlocutores do terrorismo”, disse Uribe, em entrevista ao jornal espanhol El Mundo.