O presidente de El Salvador, Mauricio Funes, solicitou um encontro com o presidente mexicano, Felipe Calderón, para desenhar uma estratégia comum que “fortaleça a luta” contra os grupos criminosos após a “insana matança” de 72 imigrantes em Tamaulipas.
Segundo fontes diplomáticas, o mandatário salvadorenho enviou uma carta expressando que “nossas famílias estão de luto e assistem impotentes a essa violência irracional, uma vez que esperam de nossos governos resposta efetivas e castigos exemplares para recuperarem a paz em seus corações”.
A versão foi divulgada durante uma reunião onde o governo do México se comprometeu perante os diplomatas latino-americanos a “agilizar a identificação e a entrega” dos cadáveres dos 72 imigrantes mortos no município de San Fernando na terça-feira.
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As autoridades informaram as delegações de Brasil, El Salvador, Honduras e Equador, reunidas em Reynosa, na fronteira com os Estados Unidos, que a cada ano ao menos 300 mil imigrantes sem documentos cruzam o limite sul do México para chegar a terras norte-americanas.
Os trabalhos foram coordenados pelo vice-chanceler local, Salvador Beltrán del Río, que ratificou que a intenção é “facilitar a entrega” dos restos mortais e “a transferência” a seus respectivos países. Os mexicanos também entregaram “as análises, ditames, fotografias e a documentação” que “facilitarão” os trâmites.
Participaram da reunião o embaixador do Brasil, Sergio Abreu e Lima Florencio; o do Equador, Galo Galarza Dávila; o vice-chanceler de Honduras, Alden Rivera, e a ministra conselheira Carolina Pineda; a consulesa da Guatemala em Tijuana, Jimena Díaz; o diretor de Direitos Humanos da Chancelaria de El Salvador, David Morales, e o cônsul em Monterrey, Mario Mejía.
Vítimas
A Procuradoria de Tamaulipas havia informado que dos 31 imigrantes identificados até ontem 14 eram hondurenhos, 12 de El Salvador, quatro da Guatemala e um do Brasil, ainda que fontes diplomáticas indicaram hoje que há outro guatemalteco e outro hondurenho entre os mortos.
O Itamaraty, no entanto, já confirmou uma segunda vítima brasileira, cujos documentos foram achados no local. Teriam morrido na ação Juliard Aires Fernandes, de 20 anos, e Hermínio Cardoso dos Santos, de 24, ambos naturais de Minas Gerais. Mais cedo, a imprensa mexicana, por sua vez, havia elevado o número de cadáveres identificados para 34.
O único sobrevivente foi o equatoriano Luis Freddy Lala Pomavilla, de 18 anos, que recebeu um disparo mas se fingiu de morto e conseguiu escapar. Ele alcançou as autoridades e contou sobre o crime, relatando que os 72 imigrantes foram executados por homens que disseram pertencer ao grupo criminoso Los Zetas.
Diplomatas salvadorenhos pensam que entre as vítimas ainda não identificadas “muitas sejam hondurenhos” e confiam que o governo do México entregue já nas próximas horas os restos mortais às respectivas representações diplomáticas.
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