O presidente do Egito, Mohamed Mursi, encontrou Dilma Rouseff na manhã desta quarta-feira (08/05) no Palácio do Planalto em Brasília. A conversa abordou possíveis iniciativas para o aumento do comércio bilateral e os programas brasileiros de transferência de renda, que são vistos pelos egípcios como um modelo a ser seguido.
O encontro entre Mursi e Dilma – primeira vez que um chefe de estado egípcio visita o Brasil – é resultado de um novo processo político que vive o Egito. Após anos de crise e recessão na ditadura do ex-presidente Hosni Mubarak, o país tem uma nova constituição sendo articulada, além de eleições parlamentares agendadas para outubro.
Desde a Primavera Árabe – movimento que derrubou regimes ditatoriais no norte da África e Oriente Médio -, o país registra os maiores índices de crescimento em 30 anos. Empresários querem aproveitar o momento para expandir o mercado egípcio ao redor do mundo.
“Saímos da era da escuridão para a era da luz e da liberdade. Agora vemos nesse país amigo (Brasil) a oportunidade de dar continuidade ao crescimento econômico do Egito após anos estagnados”, afirma o presidente da Associação de Desenvolvimento Comercial do Egito, Hassam Malek.
Agência Brasil
Dilma e Mohamed Mursi se encontraram na manhã de hoje (08) em Brasília; Egito quer o Brasil como parceiro
Na manhã de hoje, em encontro entre empresários brasileiros e egípcios na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, Hassam Malek afirmou a Opera Mundi que o Egito acredita que o Brasil pode ser parceiro e também modelo econômico após o fim da ditadura no país. Ele também diz que a Primavera Árabe foi responsável por uma mudança socioeconômica.
“Antes da Primavera Árabe, a população estava à margem da economia nacional. Um povo oprimido jamais será um povo produtivo. Hoje temos uma população que escolhe de forma livre os seus representantes e que confia no seu potencial. Serviços que eram precários agora funcionam. Assim, esperamos um desenvolvimento palpável em um futuro próximo”, afirma.
Após a revolução, o país alcançou, entre outras coisas, autossuficiência em trigo – considerado elemento importante na economia local – além de solucionar problemas de produção energética. As investidas egípcias não se restringem ao Brasil e à América Latina. O presidente Mohamed Mursi já visitou todos os outros países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
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O Egito alterna com os Emirados Árabes Unidos a posição de segundo principal destino das exportações brasileiras ao mundo árabe, atrás apenas da Arábia Saudita. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as vendas do Brasil aos egípcios renderam mais de US$ 2,7 bilhões no ano passado, um crescimento de 3,35% em relação a 2011. Os principais itens embarcados foram açúcar, carne bovina, milho, minério de ferro, carne de frango, fumo, trigo, chassis com motor para veículos, motocompressores e gado em pé.
Em contraparrida, o Egito foi o oitavo maior fornecedor do Brasil entre os países árabes no ano passado, com US$ 251,5 milhões em negócios. Os principais itens da pauta foram ureia, superfosfato, pneus, vidro, chapas de polietileno, aparelhos de barbear, cimento, algodão e fios de algodão, parafina e produtos médicos.